Com cerca de 11 milhões de habitantes, o Burundi está a enfrentar uma das mais graves crises geradas pela malária em todo o continente africano, sendo esse drama claramente demonstrado pelos mais de cinco milhões de contágios e os quase 2.000 mortos provocados pela doença desde Janeiro.

Para se ter uma referência para a dimensão desta crise, o Burundi, apesar de a malária ser uma das principais causas de morte no país e um problema de saúde pública permanente, em 2015 teve, segundo um relatório da USAID, 150 mil casos, tendo, só no primeiro semestre deste ano, atingido a cifra de 5,7 milhões de casos com quase 2 mil mortos.

Um dos prolemas mais prementes que as organizações nacionais e internacionais enfrentam é a possibilidade de este surto de grandes proporções atravessar as fronteiras para os vizinhos da Região dos Grandes Lagos, República Democrática do Congo (RDC) - que já se debate com uma violenta epidemia de Ébola desde Agosto de 2018, com mais de 1900 mortos registados -, o Ruanda ou a Tanzânia.

Com dimensões claramente epidémicas, este surto de malária já ultrapassou o igualmente grave surto de 2017, embora nesse ano, como alerta a OMS, o número de casos de contágio tenha sido semelhante ao que se regista agora em apenas metade do ano.

A OMS teme que o problema ainda se agudize porque as organizações que trabalham no terreno para o debelar, enfrentam uma generalizada falta de capacidade de resposta so sistema de saúde nacional, onde faltam recursos humanos e unidades hospitalares minimamente equipadas, bem como uma clara falta de dinheiro.

A vulnerabilidade da população, seja devido à malnutrição, seja devido à ausência de mecanismos de prevenção, é um dos factores destacados pela OMS para a dimensão a que este surto epidémico chegou, sendo que os especialistas apontam ainda para o papel decisivo das alterações climáticas para este avanço da doença provocada pelo plasmodium, o microorganismo causador da doença e que é transportado e disseminado pelo mosquito anófeles gambiae.