Domingos Paulo Tambi, deputado da FNLA, não está contra o decreto presidencial, mas entende que neste momento da crise, a prioridade deveria ser a resolução de questões mais fundamentais: "Os hospitais estão sem medicamentos, o sul do País enfrenta uma seca sem precedentes. Os 12,2 milhões de dólares deveriam ser aplicados para essas necessidades", afirma.

Também o membro do PRS, Costa Chama, não compreende os gastos que são feitos em acções que não são prioritárias: "Então não há crise no País? Todos os dias são assinados decretos de milhões de dólares, de onde sai o dinheiro?", questiona.

Já o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, escusou-se a opinar sobre a decisão, sublinhando que os deputados à Assembleia Nacional não possuem actualmente gabinetes na casa das Leis: "Os deputados são obrigados a trabalhar nas salas das reuniões, o que não fica bem", afirmou.

Alcides Sakala não entrou em detalhes relativamente ao valor anunciado, preferindo sublinhar que é importante que os deputados tenham um espaço para trabalhar.

"Um deputado tem direito a um gabinete e a um assistente, mas até agora a situação não está resolvida. Espero que com a criação dos gabinetes dos deputados na Assembleia Nacional haja uma solução", frisou.

O projecto de construção dos novos edifícios de escritórios da Assembleia Nacional, do Programa de Investimentos Públicos do Gabinete de Obras Especiais vai custar ao Estado 18,5 mil milhões Kz, o equivalente a 53,2 milhões USD, de acordo com um decreto presidencial de Julho deste ano.

A esse valor acresce a despesa de 4,3 mil milhões de kwanzas (12, 2 milhões de dólares norte-americanos) para aquisição de mobiliário. Em decretos distintos, o Chefe de Estado deu o seu aval para a compra de mobiliário "tipo VIP", "tipo normal" e "tipo serviço", bem como para a aquisição e montagem do equipamento de ginásio.

Em mobiliário do "tipo VIP", o Governo vai gastar 3,5 mil milhões de kwanzas, num contrato a celebrar com a empresa Flat Angola Arquitetura de Interiores, escolhida com recurso a um concurso limitado por prévia qualificação.

Para aquisição de mobiliário do "tipo normal", o Presidente da República autorizou a despesa de 703, 2 milhões de kwanzas, num contrato a celebrar com a empresa Armazéns Continental, também escolhida por concurso limitado por prévia qualificação.

Em mobiliário do "tipo serviço", o valor a despender é mais baixo, cerca de 61,3 milhões de kwanzas, e o contrato será feito com a empresa Casanova - Home & Office, igualmente seleccionada por concurso limitado por prévia qualificação.

Já a aquisição e montagem do equipamento de ginásio para o edifício de escritórios da Assembleia Nacional, num contrato a celebrar com a Empresa SISTEC, S.A., custará aos cofres do Estado 79, 9 milhões de kwanzas.