Segundo uma nota do MPLA alusiva a esta data histórica, naquele dia de 1961 aconteceu um acto de efectiva revolta do povo angolano contra o regime colonial português, representando um dos marcos mais importantes do processo de luta armada de libertação nacional.

A Revolta da Baixa de Cassanje, onde, segundo as diversas fontes, morreram entre dezenas e milhares de camponeses e seus familiares durante um protesto laboral com génese política organizado por forças independentistas, permanece envolta em controvérsia mas é considerado como um momento percursor do longo período de luta contra a potência colonial.

A controvérsia é resultado de dúvidas históricas sobre se a revolta foi impulsionada por um protesto laboral dos trabalhadores da Cotonang, a empresa algodoeira gerida e financiada pela Bélgica, ou se o protesto labpral foi conduzido de forma a fazê-lo evoluir para uma acção de luta pela libertação do jugo colonial.

Numa declaração alusiva ao 4 de Fevereiro, dia dos Mártires da Repressão colonial, o MPLA diz que essa repressão culminou com a proclamação da independência nacional a 11 de Novembro de 1975.

"Neste sentido, o Bureau Político do MPLA exorta a sociedade angolana em geral a manter viva a chama da independência nacional e as demais conquistas colectivas, com realce para a paz e as tarefas do processo de reconciliação nacional, como pilares fundamentais de uma sociedade democrática, em que a sua força reside no povo", lê-se na nota.

O Bureau Político do MPLA reitera o reconhecimento do valor dos protestos e das sublevações das comunidades camponesas ligadas ao cultivo de algodão na Baixa de Cassanje, naquela data, reafirmando que, na memória colectiva dos angolanos, esta permanece como "uma das mais sublimes formas de tributar os obreiros da histórica acção".

Neste âmbito, o MPLA diz que vai continuar a advogar junto do Executivo no sentido de "promover medidas de políticas visando o sustentável relançamento da produção do algodão", no âmbito da revitalização da agricultura como a base para o desenvolvimento de Angola.

O Bureau Político do MPLA apela a todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene, no sentido de transformarem essa "data de inquestionável importância histórica" em mais um "acto patriótico de reflexão, catalisador do aumento da consciência de cidadania e participação da classe camponesa em particular, nas tarefas que visam o reforço da construção de uma sociedade assente em elevadas expressões de justiça, solidariedade, paz, igualdade e progresso social".

O 62º aniversário da repressão colonial contra os camponeses da Baixa de Cassanje é celebrado sob signo da "nova visão do MPLA" em relação a protecção social, que possa abranger os mais vulneráveis, quebrar os ciclos de pobreza e contribuir para a realização do potencial humano de todos os cidadãos, tendo como corolário a melhoria das condições de vida das populações", finaliza a declaração.

A 4 de Janeiro de 1961, as autoridades coloniais portuguesas reprimiram, de acordo com a versão oficial, cerca de 20 mil camponeses angolanos, naquilo que ficou na história como o Massacre da Baixa de Cassanje, território localizado entre as províncias de Malanje e Lunda Norte.

Os acontecimentos da Baixa do Cassanje aumentaram a consciência de liberdade dos patriotas angolanos que, a 4 de Fevereiro do mesmo ano, resolveram desencadear uma luta armada contra o regime fascista português, culminando com a proclamação da independência do país, a 11 de Novembro de 1975.

A efeméride é assinalada no país como uma data de celebração nacional, considerado Dia dos Mártires da Repressão Colonial.