NJ - Está acusado, em co-autoria com o ex-Vice-Presidente angolano Manuel Vicente, e mais dois outros arguidos, Armindo Pires e Orlando Figueira, de branqueamento de capitais e falsificação de documento. Ou seja, passou de Advogado de Manuel Vicente a arguido. Conseguiria ser "juiz em causa própria" explicando telegraficamente a Angola e aos angolanos ao ver o seu nome envolvido nesta polémica?

PAB - O processo em curso é um inconveniente inesperado na carreira profissional que abracei no dia 19 de Dezembro de 1989, há 28 anos, mas nenhuma carreira existe sem ele. Agi sempre como advogado e segundo as regras deontológicas da profissão, o que, em Tribunal, demonstrarei e onde assumirei com honradez todos os actos profissionais por mim praticados. Não vim da Polícia Judiciária, nem do Ministério Público, para a Advocacia, vim pelo meu pé e orgulho-me do meu percurso profissional.

NJ - O poder executivo angolano defende que este processo mexe com a soberania do país, outras vozes em Angola nem tanto, e é provavelmente uma situação similar a que se assiste também em Portugal... Ora, há quem defenda que o assunto diz respeito ao cidadão Manuel Vicente, presidente do Conselho de Administração da Sonangol à data dos factos. Quem lê a sua "contestação e meios de prova" encontra pontos convergentes com os do regime angolano. É mera coincidência?

PAB - Em primeiro lugar, quero esclarecer que o Eng.º Manuel Vicente e a República de Angola nada tiveram a ver com a contratação do Dr. Orlando Figueira, mas lamentavelmente foram e estão a ser gravemente prejudicados - pessoal e politicamente, interna e internacionalmente - por opções de terceiros, angolanos e portugueses, que bem sabem e não ignoram as circunstâncias iniciais, objectivas e subjectivas, da formalização da promessa de contratação daquele, da sua contratação, da revogação do contrato de trabalho e os resultados posteriormente obtidos em seu benefício, directo e indirecto, pela colaboração profissional do Dr. Orlando Figueira, aos quais o Eng.º Manuel Vicente e Angola foram e são absolutamente alheios, o que aliás sucede também comigo e com o Eng.º Armindo Pires...

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