"Numa economia de mercado, o Estado tem obrigações, sobretudo em termos de infraestruturas. O setor privado precisa de energia, é o Estado quem deve garantir, precisa de água, é o Estado que deve garantir, precisa de vias de comunicação que o Estado deve garantir, precisa de crédito e é a banca que deve garantir, mas vamos ver quais as responsabilidades do sector empresarial", disse o Chefe de Estado durante o Conselho de Auscultação Social, na manhã deste sábado, no Sumbe, em resposta ao representante da Associação Industrial na província do Kwanza Sul, quando este sugeriu que o Executivo deveria instalar pequenas moagens de trigo e fornecer equipamento e restaurar as indústrias paralisadas há vários anos.

"Quando o sector empresarial me diz que não há moageiras, não é o Estado que as deve instalar, mas o sector privado. Vamos fazer com que cada um cumpra as suas responsabilidades. O Estado já fez investimentos que não deveria ter feito. Investiu em fazendas e aviários, mas grande parte deles morreu", continuou, citado pelo Jornal de Angola.

"O PRODESI (Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações) só terá êxito se o sector privado se organizar", lembrou João Lourenço.

"Vamos fazer com que cada um cumpra as suas responsabilidades", continuou, dando como exemplo negativo os "maus resultados" dos investimentos do Estado em "grandes fazendas" que "não produzem quase nada".

"Não vamos persistir no erro, vamos privatizar essas empresas" do sector agrícola e industrial e "tocar para a frente", declarou.

Para o Presidente da República, o PIIM "tem de ter sucesso, não pode falhar".

"Este programa tem recursos disponíveis. Geralmente temos vontade e não há dinheiro", disse o Chefe de Estado, que garantiu o empenho do Executivo no contínuo investimento Educação e Saúde, não só com o PIIM, mas também com o Programa de Investimentos Públicos (PIP).

O défice de saneamento básico, de ruas asfaltadas, hospitais e zonas verdes no Sumbe foi também assumido pelo Presidente da República, que prometeu a aceleração do processo de construção dessas infra-estruturas, garantiu também o arranque da construção de uma circular, para evitar que o tráfego de camiões passe todo pelo interior da cidade, bem como a construção do hospital provincial, sem, no entanto, indicar datas ou prazos.

"O hospital deve ser construído, porque o actual não responde à demanda. Que seja construído e bem localizado. Não vamos construir o hospital num sítio, que ao chover, fica inundado", realçou João Lourenço.

"O Executivo não vai parar enquanto a maior parte da população não tiver acesso à água e energia eléctrica, face a um cenário em que a população cresce cada vez mais", sublinhou.

O Chefe de Estado concluiu a visita de dois dias ao Sumbe com a inauguração da Centralidade da Quibaúla, um bairro social com 2.010 habitações.

Construída a 20 quilómetros da cidade, a centralidade tem, sobretudo, habitações com três quartos, bem como infra-estruturas internas e externas de apoio, nomeadamente lojas, escolas, centro infantil, centro médico, áreas de lazer, sistema de captação, tratamento e distribuição da água potável. Possui também sub-estação eléctrica, rede de drenagem de água pluvial e residuais, bem como dois parques de infância.