O director municipal da Saúde na província do Kuando Kubango esclareceu que o problema resulta de crenças enraizadas em algumas comunidades de que a vacinação "está a espalhar doenças" quando se trata exactamente do contrário.

João Chihinga acrescentou, em declarações à RNA que algumas instituições religiosas, que gerem escolas na província, estão a "persuadir os encarregados de educação menos esclarecidos" no sentido de recusarem a vacinação dos alunos.

"Certos pais foram até aos portões das escolas para dizer que não aceitam que os seus filhos sejam vacinados", disse.

As autoridades sanitárias têm em curso uma campanha nacional de vacinação contra estas três doenças, responsáveis pela morte de milhares de pessoas, especialmente crianças, em todo o mundo, mas com especial incidência em África.

O porta-voz da Policia Nacional (PN) no Kuando Kubango, superintendente António Maria, contactado pelo Novo Jornal Online, disse que a polícia teve de ser accionada a intervir neste caso em função da confusão que se instalou nas escolas e creches da cidade de Menongue.

"Tivemos o conhecimento deste caso por intermédio do Director Municipal da Saúde de que algumas escolas e creches estariam a ser invadidas por pais que não queriam que os filhos fossem vacinados", descreveu.

O oficial adiantou, no entanto, que depois da intervenção da polícia, muitos dos resistentes começaram a mudar de opinião e as coisas estão a voltar à normalidade.

De sublinhar que estes problemas de resistência à vacinação abrange igualmente outras províncias do país e com os receios dos país também por detrás do problema.

A resistência à vacinação tem sido um problema em várias partes do mundo, como foi disso exemplo Angola durante as campanhas de imunização no auge da epidemia de febre amarela que assolou o país entre 2015 e 2016, que provocou milhares de vítimas, incluindo centenas de mortes, tendo evoluído com gravidade para a República Democrática do Congo.

Mas também na Europa e nos EUA esse problema tem crescido, nomeadamente no ressurgimento de surtos de doenças que estavam praticamente extintas, como o sarampo, sendo as causas diversas mas com a religião e a desconfiança em relação à eficácia das vacinas à cabeça.

Na Europa, por exemplo, ocorrem actualmente milhares de casos de sarampo em resultado de uma "moda" de não vacinação dos filhos, tendo já provocado várias mortes que podiam ser evitadas.

No entanto, todos os estudos apontam para uma eficácia quase total da vacinação, embora existam evidências de que, no caso da febre amarela, ocorram alguns casos, esporádicos, de febre vacinal.

Estas situações ocorrem, segundo os estudos, porque a vacina é produzida através de vírus atenuados e, quando as pessoas inoculadas têm problemas de nutrição graves ou estão com o sistema imunitário fragilizado, podem vir a ocorrer sintomas da doença.