Levada a cabo pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em coordenação com as autoridades sanitárias congolesas e os Médicos Sem Fronteiras (MSF) a vacinação, segundo o ministro da Saúde, Oly Ilunga, abrangeu cerca de 1 300 pessoas e contribuiu para uma significativa redução do surgimento de novos casos.

Denominada VSV-EBOV e desenvolvida pelos laboratórios Merck, a vacina foi, explicou ainda o ministro em conferência de imprensa, aplicada a todos aqueles que estiveram próximo ou em contacto com doentes confirmados e suspeitos de contaminação com o vírus da febre hemorrágica, especialmente familiares ou outros que compareceram em cerimónias fúnebres de vítimas da doença.

Desde o início da epidemia registados 58 casos, destes 37 foram confirmados, com 27 mortos até agora, sendo os restantes 21 casos suspeitos ou prováveis, faltando a certificação laboratorial. Os dois últimos casos fatais foram registados em Bikoro, local onde esta a epidemia rebentou.

Bikoro, uma pequena e remota localidade na província do Equador, próximo da fronteira com o Congo-Brazzaville e nas margens do Rio Congo, a cerca de 500 km"s de Kinshasa, foi o epicentro da epidemia, que teve o seu alerta lançado no dia 08 de Maio mas com os primeiros casos a remontar a 03 do mês passado.

No entanto, em poucos dias, o vírus chegou a Mbandaka, a capital provincial, também nas margens do Rio Congo, gerando maiores receios de dispersão do víruos para outras regiões do país e para países vizinhos porque esta cidade é também um importante porto fluvial para transporte de carga e de passageiros na RDC.

E foi nesta cidade que as equipas médicas concentraram os esforços para conter a epidemia, nomeadamente através da vacinação com a VSV-EBOV, que já tinha sido testada como "arma" de contenção da epidemia de 2014, que abrangeu vários países da África Ocidental, a partir da Serra Leoa, tendo provocado mais de 11 mil mortos e milhares de vítimas com sequelas da doença.

Devido a esta epidemia, a 9ª que ocorre na RDC desde 1976, ano em que neste mesmo país foi descoberto o vírus em humanos, os nove países vizinhos, incluindo Angola, aplicaram medidas preventivas nas fronteiras, tendo mesmo Malanje, em Angola, optado pelo encerramento das fronteiras com a RDC.

Apesar de todas as medidas, e a rápida resposta da OMS, ao contrário do que sucedeu na Serra Leoa, o risco de propagação exponencial da doença ainda não está afastado, tendo, todavia, sido transmitidos dados optimistas, tanto pelos organismos da ONU como pelas autoridades nacionais sobre o sucesso até agora na contenção da febre.

Recorde-se que Kinshasa, a capital da RDC, com mais de 8 milhões de habitantes, está situada na margem do Rio Congo, a jusante de Mbandaka.

Mais cinco tratamentos experimentais no terreno

A OMS anunciou, entretanto, que esta epidemia de Ébola na RDC está a servir de terreno para experimentar cinco novos tratamentos aprovados pelo comité de ética sob responsabilidade do órgão de monitorização de tratamentos de emergência experimentais, designado MEURI.

Apesar de os cinco novos medicamentos estarem disponíveis na área onde decorre o surto epidémico, a sua utilização está a ser monitorizada por um conjunto de técnicos que determinam qual deles, face às circunstância e características dos pacientes, deve ser aplicado bem como determinar o tipo de protocolo para o seu acompanhamento e registo da evolução da patologia.

Os novos químicos, como divulgou recentemente o Centro de Investigação em Doenças Infecciosas (CIDRAP), da Universidade do Minesota, EUA, foram denominados ZMapp, GS-5734 e mAb114, todos com actuação no universo dos anticorpos, e os antivíricos Remdesivir e favipiravir.

Estes novos medicamentos estão a ser usados ao mesmo tempo que também uma vacina nova, embora com provas já dadas como ferramenta de contenção geográfica do vírus na epidemia que em 2014 varreu a África Ocidental, onde fez mais de 11 mil mortos, está a servir para conter a doença no território onde já foi detectada, na região de Mbandaka, na província do Equador.

Para já, os resultados sobre a eficácia dos novos medicamentos, segundo a OMS, não são suficientes para abrir a porta ao seu uso regular, embora alguns deles apresentem boas expectativas.

Um dos problemas mais sérios encontrados é garantir as condições ideias de conservação destas novas drogas, nomeadamente na sua conservação a frio, que apresenta complexidades substanciais em zonas remotas de África, como é o caso.