Isabel Bragança é a segunda pessoa a ser interrogada neste mediático caso, em que a figura principal é o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, que se encontra preso deste Setembro de 2018.

Na sessão desta quinta-feira, em que a audiência prosseguiu com o interrogatório da ex-directora para administração e finanças do Conselho Nacional de Carregadores, Isabel Bragança começou por responder ao juiz que não se apropriou de nenhum valor do CNC a título individual.

A ré confirmou ter o CNC pago despesas de telefones, bem como subsídios diversos aos funcionários do Ministério dos Transportes no período de 2014 a 2017.

"Confirmo, sim, mas já não me recordo dos valores exactos, são muitas as facturas referentes as tais despesas. Por isso não consigo lembrar-me, mas o CNC tem os registos", disse, acrescentando que algumas facturas vieram do gabinete do então director-geral do CNC", Agostinho Itembo, fugitivo da justiça.

Solicitada a responder porque é que o CNC vendeu no mercado informal mais de três milhões de dólares, a ex-responsável para as finanças disse que essa venda foi para uma empresa privada (Organizações Chanas), que solicitou a compra de dólares.

O venerando juiz Joel Leonardo perguntou à ré se não sabia que essa medida era incorrecta, ao que Isabel Bragança respondeu que a venda apenas ocorreu com a autorização do então director-geral do CNC, através de um acordo.

Instada a responder se o CNC pagava os subsídios de alimentação dos trabalhadores do Ministério dos Transportes nos supermercados Jumbo e Kero, no valor de cinco milhões de dólares e mais 108 milhões de kwanzas, Isabel Bragança respondeu que já não se lembrava dos valores, mas que o CNC efectuou pagamentos de subsídios nos supermercados referidos.

Perguntada se o CNC pagou salários, ajudas de custos e viagens aos trabalhadores do Ministério dos Transportes a ré respondeu que sim, mas que também não se recordava dos valores.

Apesar de terem sido várias as vezes que o juiz Joel Leonardo insistiu em perguntar números à ré, a ex-directora para a administração e finanças do Conselho Nacional de Carregadores não aceitou responder, argumentando que foram muitos os números que passaram por si. Questionada se lembrava de o CNC pagar as despesas referentes à manutenção da sede do Ministério dos Transportes, a assistência técnica para o novo aeroporto de Luanda, e a compra de mobiliários e decoração da empresa portuária do porto Amboim, na Província do kwanza Sul, a ré respondeu positivamente, justificando que foi sempre com orientação do seu superior.

Questionada porque que é que na sua conta foram depositados mais de 500 mil dólares, respondeu que foram depósitos de negócios seus, e que os peritos poderão dizer mais a respeito.

Interrogada porque é que o dinheiro que entrava para o CNC não eram depositado na Conta Única do Tesouro, respondeu que não sabia dizer, mas anuindo que essa seria a lógica.

Perguntada se alguma vez recebeu ordens do ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, disse que sim, mas somente quando ela estivesse a interinar o CNC.

"Mas nunca o ministro me disse para fazer algo incorrecto ou anormal", referiu.

A sessão de interrogatório à ré foi suspensa, para que a mesma retome na próxima terça-feira, dia 18, ainda com a audição da ex-directora para a administração e finanças do Conselho Nacional de Carregadores.