Numa altura em que está na berlinda por acusações de racismo, centradas nas agressões a uma família angolana residente no bairro da Jamaica, na margem Sul do Tejo, a Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal resolveu divulgar, nas redes sociais, uma fotografia de um dos seus agentes a posar ao lado de um sorridente Anselmo Ralph.

A imagem, que, segundo a descrição da PSP, foi captada durante uma visita do cantor à sua Divisão de Trânsito - não se percebendo se a foto é actual ou de arquivo - desencadeou milhares de reacções dos internautas, divididos entre os aplausos e os apupos à corporação.

"Esta foto, com este timing, é uma ilustração perfeita daquela frase: "Eu não sou racista, até tenho um amigo preto...mas...", lê-se num dos comentários mais populares, fonte de uma acesa discussão sobre racismo, que alguns consideram não existir no "Caso Jamaica".

"Agora é tudo à volta do racismo. Parece que chamar racista está na moda", escreve um dos apologistas do argumento de que a polícia apenas faz o seu trabalho, reconhecimento que outro internauta sugere ser corroborado por Anselmo Ralph.

"Sabem porque o Anselmo é respeitado? Porque ele também respeita quem trabalha".

No mesmo sentido, não falta quem apresente o cantor como um apaziguador e uma excepção à regra, sugerindo as seguintes legendas para a foto: "Eu sou preto e não estou a incitar o país inteiro contra a Polícia", ou "Nem todos os pretos são burros".

Alheio à troca de farpas entre internautas, Anselmo Ralph é apontado como uma das vozes do meio artístico que se elevaram contra a acção policial no bairro da Jamaica.

Numa mensagem que se popularizou nas redes sociais, e que tem sido atribuída ao cantor, lê-se: "Já vi assassinos serem tratados com melhor postura do que foram tratadas estas senhoras, já vimos terroristas serem melhor controlados pela polícia do que aconteceu com estas senhoras, será que para conter duas senhoras uma dezena de homens grandes e fortes e bem treinados precisam de usar tanta brutalidade?".

Na mesma missiva, propõe-se a reflexão: "Imaginemos se Portugal assistisse imigrantes portuguesas em Angola ou em um outro país, a serem humilhadas desta forma? As suas manas e senhoras mais velhas a serem espancadas desta forma?".