O incidente ocorrido a 19 de Janeiro gerou um claro mal-estar por parte de milhares de angolanos que nas redes sociais criticaram o acto do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), equivalente à Polícia Nacional (PN).

A PSP e os seus sindicatos insurgiram-se contra as acusações de que o agente foi alvo, defendendo que se tratou de uma acção legítima perante uma cidadã que resistiu à voz da autoridade.

O Governo português e a própria PSP abriram inquéritos oficiais para apurar o que sucedeu naquela noite de 19 de Janeiro.

Segundo o relato de Cláudia Simões, quando estava a entrar no autocarro com a sua filha menor, de oito anos, o motorista pediu o passe - documento pré-pago que serve de título de transporte durante um mês - da criança.

Por esta não o ter consigo, pediu que saísse do autocarro, ao que a mãe se recusou visto que, sendo verdade que se tinha esquecido do passe, as crianças daquela idade estão isentas de pagamento de bilhete.

O motorista chamou a polícia e foi nesse momento que surgiram as altercações que serão apuradas nos inquéritos em curso.

Mas em Luanda, por exemplo, num programa de grande audiência, o Fala Angola, da TV Zimbo, Salú Gonçalves, o seu apresentador, como a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCA) confirmou, fez um apelo à acção violenta contra portugueses em Angola, lembrando que a 4 de Fevereiro de 1961, o regime colonial começou a ser derrotado "com catanas".

Citada pela Angop nesta deslocação a Lisboa, em trânsito entre Cabo Verde e Angola, Luísa Damião, solidarizando-se com Cláudia Simões, disse, na terça-feira, que o agente da PSP fez o uso de força desproporcional perante uma pessoa indefesa.

A Vice-presidente do MPLA defendeu ainda que as autoridades portuguesas tudo devem fazer para que o autor da agressão seja punido pelos actos praticados.