"A unidade de crimes está a organizar-se para que algumas acções, sobretudo o plano nacional do marfim, comece a ser implementando precisamente em vésperas desse dia. Nós não podemos de forma nenhuma continuar a ver a matança de animais de grande porte, que não acontece aqui em Angola, mas que nos coloca na rota [do tráfico de marfim]. Temos aqui a passagem de marfim que vem de outros países", apontou a ministra do Ambiente, Fátima Jardim.

A governante não especificou que acções podem desde já avançar, mas prevê-se desde logo o encerramento da venda no Mercado do Artesanato de Luanda, ponto principal do comércio de marfim na capital.

Aliás, segundo um estudo da Unidade de Crimes Ambientais, realizado em Fevereiro, existem no local 44 bancadas perfiladas, constituídas por entre três a quatro vendedores.

A operação verificou igualmente que existem 13 casebres, que servem de pontos de armazenamento das peças já trabalhadas de marfim e que os cidadãos envolvidos nesse negócio são maioritariamente oriundos da vizinha República Democrática do Congo.

O estudo permitiu identificar ainda que estão igualmente implicados cidadãos angolanos, que oferecem suporte nas vendas e na acomodação dos produtos provenientes da fauna e da flora selvagem.

A ministra Fátima Jardim garante que durante as comemorações do dia Mundial do Ambiente - assinalado a 5 de Junho e organizado com o apoio do secretariado do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP, na sigla em inglês) -, o Governo vai assumir o "compromisso" com acordos internacionais de protecção dos elefantes e contra o tráfico de marfim.

No âmbito destas comemorações, o país vai promover em Luanda uma feira para debate e partilha de conhecimentos sobre o comércio ilegal de marfim, protecção e recuperação da fauna e flora selvagens.

As comemorações vão decorrer entre 3 e 7 de Junho, alargadas também à província do Kuando Kubango, que vai receber um debate sobre a caça ilegal, com uma comunicação do secretário-executivo da Convenção Internacional das Espécies em Extinção (CITES), do representante do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) e de especialistas.

Para o dia 4 de Junho está reservada a abertura de uma exposição com exemplos de reciclagem de material informático.

Angola tem actualmente em execução o seu Inventário Nacional do Marfim, o Plano de Acção Nacional do Elefante, o Programa Nacional do Marfim, estudos sobre o conflito homem/animal, que o Governo considera desafios e prioridades nacionais para o cumprimento de obrigações assumidas internacionalmente, nomeadamente as Convenções da Biodiversidade, da CITES e sobre as Espécies Migratórias.