Adolf Hitler Uunona, de 54 anos, acabou por despertar a curiosidade do jornal de grande distribuição alemão, Bild, depois de ter sido eleito como "councilor", elemento que integra a equipa municipal, da cidade de Ompundja, na região namibiana de Oshana, que o entrevistou e a quem o político explicou que foi o seu pai que escolheu o nome devido ao antigo chanceler alemão mas o mais certo é nem sequer estar ciente da sua cruel ideologia.
Os media locais colocam Adolf Hitler como um político popular devido à sua actividade anti-apartheid activista dos Direitos Humanos, antes da independência, em 1990, e antes da queda do regime racista na África do Sul, país que administrava a Namíbia como potência colonial.
Hitler Uumona explicou ao jornal alemão que carregar com este nome não foi um problema durante a sua infância porque era um "nome normal" na antiga colónia alemã e não estava consciente do que poderia implicar, mas, mais tarde, na adolescência, quando se inteirou do passado tenebroso do antigo líder alemão, as coisas acabaram por se complicar
"Era um nome perfeitamente normal para mim quando era criança, mas as coisas alteraram-se quando cresci e percebi que se tratava do nome de um homem que queria subjugar o mundo e mandou matar milhões de pessoas", contou.
Acabou por não usar o seu nome completo, optando por Adolf Uumona nos seus contactos sociais e ainda hoje, no seu partido, a SWAPO (Organização do Povo do Sudoeste Africano), partido que acaba de perder as eleições locais nas grandes áreas urbanas, o seu nome "oficial" não leva o famoso "apêndice", e nas redes sociais, mantém "Hitler" à distância, embora nos documentos oficiais conste o seu nome completo, explicando que já era tarde para isso quando deu conta e o seu passado e presente são a sua melhor defesa para quaisquer dúvidas.
Swapo esmagada nas eleições locais
A SWAPO, partido histórico que Governa a Namíbia desde a independência, em 1990, apesar de os resultados ainda não serem oficiais, acaba de perder o controlo das grandes áreas urbanas do país nas eleições locais que tiveram lugar na passada semana.
Segundo a imprensa namibiana, a SWAPO foi varrida dos principais centros urbanos da Namíbia, incluindo a capital, Windhoek, e as cidades de Luderitz, Swakopmund, Walvis Bay e Oranjemund, mantendo, no entanto, uma forte liderança nas áreas rurais.
O jornal The Namibian informa hoje que a SWAPO, que, recorde-se, domina totalmente o país desde 1990, ano em que a Namíbia se tornou independente da África do Sul, perdeu mais de 30 cidades nas últimas eleições locais, realizadas há cerca de uma semana, embora os resultados totais oficiais ainda não tenham sido anunciados.
Por detrás deste momento histórico estão, segundo analistas locais, diversos escândalos de corrupção, mas com destaque para o sector das pescas que também atinge Angola.
Windhoek, Oranjemund, Lüderitz, Swakopmund eWalvis Bay deixam, assim, e pela primeira vez, de estar sob domínio governativo do movimento fundado por Sam Nujoma. Apesar destas evidências, o partido histórico garante que estes resultados são fruto da vontade e empenho de "forças externas" que procuram desalojar a SWAPO do poder no país.
Com estes resultados, agora, sublinha o jornal, os partidos da oposição têm a oportunidade de formar coligações maioritárias que permitem tirar o poder à SWAPO, mesmo que esta tenha, nalguns casos, conseguido ser o partido mais votado.
Desde 2015, ano das últimas eleições locais, a SWAPO detinha o poder em 52 das 57 municipalidades, ali denominadas áreas de autoridade local, acabando agora por perder mais de metade, ficando apenas com 20, e a quase totalidade das áreas urbanas, onde se situam a esmagadora maioria dos 2,5 milhões de habitantes do país.
Os vencedores mais importantes nas áreas urbanas são o Patriotas Independentes para a Mudança e o Movimento do Povo sem Terra, desde logo nos fulcrais Walvis Bay, Swakopmund, Keetmanshoop, Lüderitz e Oranjemund.