Este ataque iraniano, mesmo que não se soubesse que contornos teria, era esperado e só faltava saber-se a hora exacta, porque tanto o líder supremo iraniano, aiatola Ali KHamenei, como o Presidente Ibrahim Raisi, tinham jurado vingança.

No dia 01 de Abril, um míssil israelita atingiu o consulado iraniano em Damasco matabdo 11 pessoas, entre estas sete oficiais da Guarda Revolucionária do Irão, dois deles lideres de topo da sua unidade de elite, a Força Quds. (ver links em baixo nesta página)

Cerca de uma hora depois, segundo a Al Jazeera, a Guarda Revolucionária do Irão emitiu um comunicado confirmando que dezenas de drones kamikaze e misseis estavam a dirigir-se para Israel, que o texto define como "territórios ocupados" na Palestina.

Mas a questão mais inquietante veio de um conhecido analista iraniano, professor da Universidade de Teerão, e figura próxima do Governo iraniano, que afirmou que esta é apenas uma etapa da resposta iraniana ao ataque israelita em Damasco.

Mohammad Marandi disse na Al Jazeera que era impossível o Irão não reagir com robustez adequada, porque, claramente, Israel foi longe demais para que Teerão pudesse manter a típica reacção de baixo perfil para evitar escaladas abruptas.

"Vamos ver mais do que isto", disse Mohammad Marandi, sublinhando que "se Israel cometer o erro de lançar por sua vez um ataque contra o Irão, tudo ficará muito mais perigoso e incontrolável".

Para já, até porque os drones e os misseis lançados pelo Irão, e, segundo algumas fontes, também a partir do sul do Líbano pelo Hezbollah, não são supersónicos ou hipersónicos, estes levarão horas a chegar aos alvos e, o mais provável, é que todos eles sejam destruídos pelo eficaz e robusto sistema de defesa antiaérea israelita "Iron Dome - Cúpula de Ferro".

Os voos de quase todas as companhias aéreas para a região já estavam em fase de redução total, nos EUA, os países vizinhos encerraram os seus espaços aéreos e o Presidente norte-americano Joe Biden interrompeu a sua agenda para regressar à Casa Branca, onde reuniu o seu conselho de segurança para acompanhar esta crise e em Israel as forças de segurança estão em alerta máximo.

Sabe-se, no entanto, que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vive momentos dramáticos com a sua falhada invasão de Gaza, onde não conseguiu, ao fim de seis meses de guerra e mais de 34 mil civis mortos, nenhum dos objectivos a que se propôs.

E isso pode, segundo alguns analistas, levar a que este contra-ataque iraniano, porque, recorde-se, o espaço consular é internacionalmente considerado território nacional do país de bandeira, sirva para justificar uma mais vasta e complexa operação de ataque ao Irão.

Isso seria a forma de Netanyhau conseguir uma resposta mais musculada de Teerão que levasse os EUA a entra nesta fornalha e abrir a porta a um conflito de larga escala em todo o Médio Oriente, uma região considerada um barril de pólvora à espera de quem chegue o fogo ao rastilho.