Esta investigação judicial levou à detenção do chefe de gabinete de António Costa e ainda de dois elementos que lhe são próximos. Segundo avança a imprensa portuguesa estão ainda detidos o consultor Diogo Lacerda Machado e o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenha.
Foram ainda realizadas dezenas de buscas do Ministério Público, incluindo na residência oficial do primeiro-ministro, São Bento, e nos Ministérios do Ambiente e Infra-estruturas e os ministros respectivos, Duarte Cordeiro e João Galamba, foram constituídos arguidos,lista a que se junta ainda um antigo ministro, João Pedro Matos Fernandes.
Quase em simultâneo, António Costa pediu para ser ouvido pelo Presidente da República, avançando os media portugueses que o encontro demorou menos de meia hora, o que permite antecipar que o primeiro-ministro terá ido ao Palácio de Belém apenas para transmitir uma decisão a Marcelo Rebelo de Sousa, embora não se saiba qual.
Foram mobilizados para esta operação, que apanhou de surpresa o país inteiro, quase duas centenas de agentes da Polícia de Segurança Pública, que, acompanhados de magistrados do MP, entraram em dezenas de casas e escritórios em todo o país para recolha de provas no contexto da investigação sobre a mina de Lítio em Montalegre e um mega projecto relacionado com o hidrogénio verde, em Sines, avaliado em 1,5 milhões de euros.
Citada pela imprensa lusa, a assessoria de comunicação do primeiro-ministro confirmou as buscas no gabinete do chefe de gabinete do primeiro-ministro: "Confirmamos que há buscas no gabinete do chefe de gabinete. Não comentamos a acção da justiça", disse à Lusa fonte da assessoria de António Costa.
Assim que este caso ganhou foro de primeira página na imprensa portuguesa, a oposição iniciou uma série de pedidos de demissão imediata, seja do Governo no seu conjunto, seja dos ministros envolvidos neste escândalo.
As suspeitas sobre estes dois casos, o lítio e o megaprojecto de Sines, uma cidade na costa sul de Portugal, não são uma novidade, mas não havia indícios de que poderia levar a este tsunami no Governo de maioria absoluta de António Costa.
As possibilidades em cima da mesa, neste momento, e quando se esperam declarações do primeiro-ministro, são, segundo a generalidade dos analistas, o pedido de demissão de Costa e a convocação de novas eleições, uma reformulação total do Governo por António Costa, que não está a ser dado como suspeito de qualquer ilegalidade, ou então a queda do Executivo e a disponibilidade do Partido Socialista para encetar a criação de um novo Governo com um novo primeiro-ministro.