Em várias latitudes deste planeta os governos inaptos estão a perder o apoio popular. Os eleitores cansaram-se das vidas opulentas dos seus governantes e os políticos não souberam ler nas entrelinhas quão crescente tem sido a reprovação do desprezo pelos povos, pela lei e pelas pátrias por um bando de dirigentes egoístas, corruptos, míopes e sem um pingo de inteligência emocional.

Os políticos estão a perder a confiança dos povos. A sua atitude constante de se protegerem tornou-os inimigos. O seu voraz apetite pelo luxo, pela riqueza e pelo reforço do seu poder ativando os mecanismos democráticos e republicanos para se protegerem e combaterem os povos é hediondo. A única família que lhes interessa é a sua. Os povos que se lixem. Que se virem. Que morram de fome. Que vivam sem saúde. Só são precisos dos dias de votos. Esta semana caiu o 4º primeiro-ministro francês deixando Macron, o jovem que não fez a diferença, perdido na arrogância.

Exemplos como Bangladesh, Indonésia, Nepal, Sri Lanka estão entre os mais recentes e são testemunhas de quão nefasta é a mão dos governos autoritários e corruptos. Após anos de submissão os povos puxam dum nervo e decidiram correr com os opressores. Atrás de si deixam um rasto de destruição. Mas este é o efeito do sofrimento prolongado e tem sido histórico.
Angola vive um momento muito perigoso. Após anos de avisos, vindos de todos os lados, incluindo das instituições estatais, que nunca foram avaliados tendo em conta as suas consequências no presente e para o futuro, eis-nos num beco sem saída. A menos de dois anos do fim do mandato do Presidente João Lourenço, o saldo político do MPLA é desconfortavelmente negativo não permitindo as habituais manobras que asseguram "victórias trabalhadas" nas próximas eleições, prevendo-se a possibilidade de o efeito ser equivalente ao de quem deita gasolina para a fogueira.
A "relativização institucional da fome" de forma insensível estabelecida por João Lourenço, sem que ninguém dentro do seu partido se levantasse a contrariar esta heresia, alguém que tivesse coragem para lhe mostrar quão equivocada e aberrante foi esta afirmação e que o ajudasse a mitigar o problema, enquanto a sua equipa se desunhava para encontrar soluções de médio prazo não aconteceu. Pelo contrário, o que vimos foi um cobarde silêncio pois as cadeiras em que se sentavam valiam mais do que a honra.

Temos uma liderança incompetente, incapaz de qualquer rasgo de genialidade e sem consciência da realidade. Temos um governo que trabalha contra o povo. Temos um partido distorcido, cheio de sangue nas mãos, que deixou de ter ideologia, critérios e pessoas corajosas que defendessem a pátria, salvo 2 ou 3 excepções. Um partido único na governação que não pode culpar ninguém pelos erros cometidos em 50 anos. Um partido fiel a si e às suas agendas de manutenção de poder eterno. Um partido conivente com a má gestão da coisa pública que nunca combateu nem a corrupção nem a impunidade. Um partido ultrapassado que nunca deixou de ser um movimento de libertação reverso e foi incapaz de conviver com a diferença.

O país está de rastos em todos os sentidos. A Educação vale menos do que a Defesa. As crianças foram abandonadas. A cobardia é aplaudida. Nenhuma promessa foi cumprida. A Justiça está na lama. Economicamente somos uma anedota. O legado de João Lourenço será a destruição do seu partido, a promoção de uma convulsão social e a colocação de Angola no fundo de todos os índices batendo records que ultrapassam a capacidade de serem perdoados.

Das Agendas Internacionais nada podemos esperar pois são reféns de um sistema obsceno. São igualmente aliados do prejuízo dos mais pobres. A sua proteção está sempre aliada ao lucro. Às corporações. Aos Lobbies. Os exemplos de GAZA, CONGO, UCRANIA, SUDÃO, MIANMAR, provam este terrível tempo em que a pessoa humana deixou de ter direitos. O mundo vive um tempo bárbaro. Um tempo de desprezo pela vida.

Cumpre aos povos oprimidos e vítimas de todas as manipulações políticas erguerem-se e chamar a si o valor da democracia que foi posta em causa e reformar o sistema de tal forma que os políticos sem ética e funcionários superiores do Estado não tenham vontade de participar pois as regras para os infractores, corruptos e traidores deverá ser exemplar. O dinheiro e os recursos dos Estados não são dos políticos que compram jatinhos de luxo, são do povo que é miserável.