Outro marco de referência histórica em relação ao basquetebol feminino angolano foi a medalha de bronze conquistada em 1981, no campeonato africano de Dakar, com a base Adriana Sebastião a figurar no cinco ideal da competição. Estava assim consumada a nossa primeira medalha em seniores conquistada num Afrobasket.


Não obstante terem sido, eventualmente, um pouco ofuscadas pelo brilhantismo das várias conquistas consecutivas do basquetebol masculino, as nossas senhoras da bola ao cesto também têm, a nível africano, um respeitável palmares com sete medalhas ganhas, sendo duas de ouro em 2011 e 2013 e cinco de bronze.


Infelizmente, após os anos dourados entre 2007 e 2013, em que, de modo brilhante, conquistámos consecutivamente quatro medalhas, sendo as duas últimas de ouro em Bamako- Mali (2011) e Maputo - Moçambique (2013), que nos deram acesso às inéditas participações nos jogos olímpicos de Londres - 2012 e ao mundial da Turquia em 2014, os resultados nos anos subsequentes, apesar de previsíveis, foram absolutamente desoladores ao ponto de chegarmos a um oitavo lugar no último africano. Batemos no fundo, literalmente.


O cenário actual do nosso basquetebol feminino, apesar de alguns indicadores positivos muito tímidos, como o aumento recente do número de atletas e as medalhas que vamos conquistando nos escalões de formação nas competições africanas (sub 16 e sub 18), não é o mais animador, sendo absolutamente imperioso que se faça algo para que possamos regressar aos nossos tempos de glórias e conquistas.
Temos uma competição interna totalmente bipolarizada há largos anos, portanto, com uma disputa por títulos exclusiva entre o Primeiro de Agosto e o Interclube, clubes que detêm condições orçamentais, infra-estruturais, técnicas, organizativas, etc., sem qualquer comparação com as dos seus contendores (Desportivo "O Maculusso", Formigas do Cazenga, Académica de Malanje, La Bomba).


O aumento recente do número de equipas em seniores é, de facto, um indicador positivo, todavia, para o salto que temos necessariamente de dar poderá não ser, por si só, suficiente, sendo a adequação do perfil físico das atletas, a preparação técnica e cientifica dos treinadores, o aumento do número de jogos e a atractividade das competições, entre outros aspectos, factores que têm igualmente uma relevância significativa para que tenhamos uma melhoria que seja factual.


Diante do cenário actual, é absolutamente necessário que todas as "forças vivas" do basquetebol feminino angolano, nomeadamente e principalmente, a Federação Angolana de Basquetebol, as Associações Provinciais e os Clubes se engajem estrategicamente para aquilo que é realmente o interesse maior, o desenvolvimento do basquetebol feminino angolano, sendo um facto inquestionável que se não houver um espírito de solidariedade institucional e até mesmo de sobrevivência colectiva, o quadro actual que é mau e tendencialmente pior à cada dia que passa, tornar-se-á, diante da nossa inércia e incapacidade para invertê-lo, definitivamente numa triste sina de uma história que começou por ser de glórias e conquistas.
*Jurista, presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga