O mais natural, nos casos em que quando alguém comete um erro de tamanha gravidade como é a perda de vidas humanas, é que se peça a demissão e não que se espere por uma exoneração forçada, motivada por gritos de todos e de todas, como agora soe dizer-se para garantir o equilíbrio de género.

As opiniões que se emitem, o teatro de algumas coberturas jornalísticas e o silêncio dos acusados não permite separar o trigo do joio. Dificilmente se saberá de quem é de facto a culpa. O certo é que, no caso da saúde, os profissionais do sector público têm salários baixos, em muitos casos condições de trabalho deficientes e um número elevado de pacientes diários.

A exoneração é a arma usada para esconder o verdadeiro problema e os resultados dos inquéritos, como de costume, não são tornados públicos, gerando desconfiança nas comissões criadas para apurar os factos. Mas será que as repetidas situações agora verificadas são novas, ou agora os gritos de socorro são amplificados pela partilha dos vídeos dos cidadãos mais atentos? E se não existirem vídeos nem testemunhas, há exonerações? Corrige-se o que está mal?

É preciso fazer uma análise contínua da sociedade que estamos a criar, e dos comportamentos dos cidadãos que compõem esta sociedade. Se não é normal o abuso de poder muitas vezes exercido pelos guardas das instituições hospitalares, também não é aceitável o desrespeito recorrente pelas autoridades, que têm sido vítimas de agressões verbais e corporais.

Na construção de uma sociedade, conforme apresentado num estudo da UNESCO liderado pelo francês Jacques Delors, as pessoas devem aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver e a aprender a ser. Se não se investir na educação que possamos todos aprender, então as exonerações forçadas vão continuar.