"O teste foi utilizado, fundamentalmente, para os dadores de sangue, de maneira que foi possível, logo a seguir - porque é um protocolo que o Ministério tem, imediatamente a seguir - os dadores serem submetidos a outros testes. O que despertou a atenção foi exactamente isso", disse José Vieira da Cunha, em Luanda.

"O teste 'Aria' dava positivo quando os outros davam negativo. A partir daí, a situação foi notificada ao Ministério da Saúde, que tomou as medidas. Portanto, não houve repercussão em termos de doentes, porque eram dadores de sangue que estavam a doar sangue para eventuais transfusões", garantiu.

Na segunda-feira, em entrevista ao Jornal de Angola, a directora do Instituto Nacional de Luta contra a Sida, Maria Lúcia Furtado, revelou a existência de um reagente denominado "Aria" que dava falsos positivos aos testes de HIV/sida, e que, informou, foram "já retirados do circuito e proibida a sua utilização".

A situação gerou várias "inquietações e interrogações" sobre a "eficácia dos testes" do HIV/sida utilizados no país, sobretudo o "período, quantidades e em que províncias" foram detectados os referidos "falsos negativos".

Esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas, no final do acto central alusivo ao Dia Mundial da Malária, que decorreu em Luanda, o governante revelou que foram registados "dois falsos positivos em dois dadores de sangue", em Dezembro de 2018, na província do Cunene, sul de Angola.

Segundo José Vieira da Cunha, os falsos positivos foram registados naquela província após a utilização do teste 'Aria', mas, "de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, não se faz um único teste para se fazer a doação de sangue".

Deste modo, explicou, "sempre que um teste é positivo, devem fazer-se imediatamente pelo menos mais dois testes".

"Quando foram efectuados os outros dois testes é que se deu conta que aqueles eram falsos positivos", explicou.

"Com o 'Determine' e o 'Unigold', os outros testes de comparação, esses deram negativo aos casos que inicialmente deram positivo", realçou.

Questionado sobre as "medidas para responsabilizar" a empresa, cujo nome disse desconhecer, o responsável referiu que o caso foi já participado ao Serviço de Investigação Criminal (SIC).

"Agora vamos esperar, obviamente, o inquérito que a Procuradoria-Geral da República vai fazer. O Ministério da Saúde participou o caso ao SIC e vamos esperar que essas entidades tomem as medidas necessárias", concluiu.