A detenção de Jéssica Coelho ocorreu na tarde desta segunda- -feira, 5, e foi protagonizada por um grupo de oficiais de diligência do tribunal, acompanhados por agentes da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC).
Eles romperam a nossa porta e nos agrediram, tudo isto porque eu queria ligar primeiro para o nosso advogado, que vem acompanhando o caso, para explicar o que estava a acontecer antes de entregar a minha filha, revelou Fernando Coelho, pai da adolescente, acrescentando que os procuradores Coelho e Iamanjá ameaçaram o oficial de diligência por telefone para cumprir o que eles queriam, senão ele passaria a noite na cadeia. Fernando Coelho confirmou ao Novo Jornal que, durante a busca da filha, houve confusão. Houve, sim, espancamento que só terminou quando duas viaturas da Ordem Pública da Polícia Nacional se aproximaram do local.
A minha sorte foi que o comandante dos patrulheiros conhecia a família e pediu aos agentes que parassem com a agressão, foi muito triste o que aconteceu, relatou. O Novo Jornal esteve no local, onde se encontravam vários agentes da Ordem Pública, da Direcção Nacional de Investigação Criminal e oficiais de diligência do Tribunal Provincial de Luanda.
No momento em que chegámos deparámo- -nos com uma jovem mulher dentro da viatura da polícia. Segundo as nossas fontes, era a prima de Jéssica Coelho que gravava imagens quando começou a briga entre os agentes e alguns familiares da principal suspeita da morte de Jorge Valério. Ela estava a gravar imagens da confusão. Quando a polícia se apercebeu, quis receber o telemóvel, mas ela não quis dar e começou outra confusão, descreveu uma fonte.
Ainda de acordo com informações recolhidas no local, os investigadores da DNIC, chegaram a casa da família de Jéssica com o mandado de busca, por volta das 15h00, mas a adolescente só saiu por volta das 17h30, sendo transportada para uma viatura de marca Toyota, como testemunhou o Novo Jornal.
Após 215 dias detida preventivamente na Comarca de Viana e libertada mediante habeas corpus pelo Tribunal Supremo, por excesso de prisão preventiva, Jéssica Coelho voltou à cadeia, desta vez por orientação de Tito Kafumana, o juiz da causa, violando assim a ordem de um órgão hierarquicamente superior, conforme relata o pai da detida. Ele mandou lixar o Tribunal Supremo, acresceu.
Segundo os familiares, pelo menos até ao fecho desta edição, estão impedidos de visitar Jéssica, ouvindo como resposta a frase têm de aguardar os dias certos, situação que não acontecia antes. Na Comarca não nos deixam entrar, inclusive pedimos para entregar as roupas e outras coisas, mas não aceitaram. A miúda foi levada totalmente desprotegida, confirma o pai.
Questionado sobre o porquê da detenção da filha quando havia sido libertada, Fernando Coelho respondeu que tudo partiu da cabeça do juiz, declarando que já recorreram ao Tribunal Supremo e este não tinha conhecimento da detenção. Tudo foi preparado no Tribunal Provincial com os procuradores provinciais Coelho e Iamanjá. O Supremo nada sabe disso, a única informação que tem foi prestada por nós, através da carta que enviámos, explicou.