Uma das situações mais graves prende-se com a deterioração dos tanques no subsolo que, em grande número, como o Novo Jornal online constatou, começam a deixar passar as águas salobras e contaminadas que abundam nestas zonas, tornando-os apenas reservatórios de águas para lavar os carros e o chão dos quintais.
Para resolver o problema, as populações menos abonadas, para quem comprar água engarrafada é incomportável, têm de recorrer aos chafarizes dos bairros, mas como estes só têm água algumas horas por dia, e quase sempre durante a madrugada, as filas são sempre grandes e encher os bidons pode significar perder horas a fio de sono perdido.
O Porta-voz da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), Domingos Paciência, explicou ao Novo jornal que a razão principal para estes problemas é que, nos últimos anos, foram milhares as casas que não tinham ligação à rede e passaram a ter, resultando daí um excesso de consumo para o qual o sistema de abastecimento não estava preparado.
Para resolver a situação, adiantou Domingos Paciência, está a ser reabilitado o centro de distribuição de água do Cazenga, com o aumento da capacidade de distribuição e melhor controlo da qualidade da água disponibilizada às populações.
Quanto ao município de Cacuaco, o porta-voz da EPAL esclareceu que o volume de produção, no centro de distribuição do Bengo diminui por problemas técnicos que causaram uma queda de pressão na distribuição de água que, dessa forma, tem dificuldade em chegar às casas das pessoas.
Os problemas técnicos, ainda segundo o porta-voz da EPAL, estão a ser resolvidos e, sem precisar, afirmou que nos próximos dias a situação será normalizada.
Cozinhar com água imprópria
Na ausência da água potável, muitos moradores dos bairros Adriano Moreira e Tunga-Ngó, no município do Cazenga, estão a recorrer às águas salobras para a preparação dos alimentos, como conta Maria Pedro, residente do bairro Tunga-Ngó.
"Estamos a utilizar as águas salobras para lavar e cozinhar porque já vai há três semanas que as torneiras estão secas e essa situação está a deixar-nos preocupados porque não sabemos quando será restabelecida a água", disse a moradora da rua 6 do bairro Adriano Moreira.
Para Eva Manuel João, as pessoas dos bairros vizinhos onde está a correr água estão a aproveitar-se da situação para comercializarem por um preço muito desconfortável devido à procura.
"Esta é uma situação que complica mais ainda a nossa situação", adiantou a moradora do bairro Tunga-Ngó, explicando de seguida que "o bidon de 25 litros era comercializado a 30 kwanzas, mas desde que a água deixou de sair das torneiras, está a ser comercializado por 50, ou até mesmo 70 kwanzas, e como se não bastasse, temos que madrugar para abastecer nos outros bairros", lamentou.
Para minimizar o problema, o porta-voz da Empresa Pública de Águas de Luanda, Domingos Paciência, adiantou que o centro de distribuição de água do Cazenga está a ser ampliado com objectivo de resolver a situação da constante falta de água.
"O centro de distribuição do município antes tinha a capacidade de 15 milhões de litros, agora foi ampliado para 30 milhões de litros para, precisamente, se evitar a falta de água durante muitas semanas", disse.
A questão do garimpo voltou a estar na equação do porta-voz que citou os bairros do Calawenda, Terra Vermelha, Dr. Agostinho Neto e Vila Estoril como sendo os lugares onde se pratica, com maior frequência, a recolha ilegal de água da rede através de ligações pirata.
Esta prática, lembrou, é responsável, em muitas zona da cidade de Luanda, para a escassez de água na rede de abastecimento público, sublinhando a importância de aqueles que estão a roubar água da rede para a comercializarem serem denunciados porque estão a prejudicar milhares de pessoas.