Esta informação foi avançada hoje ao Novo Jornal Online pelo presidente da ANATA, Geraldo Wanga, lembrando ao mesmo tempo que o preço aplicado na actividade exercida pelos seus associados depende do tarifário da gasolina e do gasóleo aplicado pela Sonangol.

"Nós não concordamos com a proposta da Sonangol de subir o combustível e vamos esperar para ver, mas, se for aplicada, nós também teremos a nossa palavra diante do Executivo, que passa pela exigência do Estado subvencionar o combustível para exercício desta profissão", declarou, acrescentando que os preços actuais estão no limite do que as pessoas podem pagar.

Recorde-se que o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Carlos Saturnino, disse recentemente, em conferência de imprensa, que ia avançar com a proposta ao Governo de criar uma banda de flutuação do preço dos combustíveis, de forma a que estes reflictam a realidade do mercado.

Actualmente, os combustíveis têm um preço fixo - 160 kwanzas a gasolina e 135 o gasóleo -, mas a diferença entre o seu preço de custo para a distribuidora e de venda nos postos de abastecimento é suportada pela petrolífera nacional, responsável pela importação dos combustíveis refinados de que o país é deficitário, ficando a produção da única refinaria a funcionar em Angola muito aquém das necessidades.

O presidente da ANATA disse ainda que o Estado deve subsidiar as actividades que, como a de taxista, "se reflectem directamente na vida do cidadão" e são indispensáveis para a sociedade, especialmente numa cidade como Luanda onde os taxistas "retiram carros das estradas e são, para milhões de pessoas, a única forma de se deslocarem para os seus postos de trabalho".

"Se há coisa que tem um grande impacto na vida do cidadão é o sector dos transportes, porque não há produção sem sistema de transportes viáveis", disse.

O líder da ANATA assegurou ao Novo Jornal Online que, "caso o Governo não dê ouvido às exigências dos taxistas, e se for dado provimento à pretensão da Sonangol em liberalizar o preço nas bombas", este vão "partir para uma paralisação nacional onde exigirão do Executivo a subvenção dos combustíveis".

Sonangol quer preço do combustível a flutuar

A proposta que Carlos Saturnino fez ao Governo vai no sentido de aumentar o preço dos combustíveis tendo em conta a urgência em diminuir o esforço financeiro que a petrolífera nacional faz para manter os preços fixos, propondo que seja estudado "um mecanismo para os preços dos combustíveis também num intervalo flutuante e variável", lembrando de forma clara que em Angola se consome combustíveis baratos porque é a empresa que paga a factura da diferença entre o valor nas bombas e o preço real destes nos mercados de importação.

Na conferência de imprensa do passado dia 28 de Fevereiro, Carlos Saturnino lembrou que a taxa de câmbio utilizada há dois anos pela Sonangol é de 155 kwanzas por dólar, "mais baixa do que os 166 kwanzas que o BNA utilizava anteriormente", resultando isso na contingência de ser impossível à Sonangol obter divisas na mesma proporção que gasta.

"Portanto, 155 kwanzas por um dólar, nem que a gente recolha grande parte do dinheiro da venda dos combustíveis em kwanzas, não conseguimos comprar na mesma proporção as divisas para comprar os combustíveis outra vez", explicou o responsável.

"Vejam qual é o esforço que a Sonangol faz em prol da economia e em prol da satisfação da população angolana", reforçou Carlos Saturnino, acrescentando: "Nós pagamos uma grande parte da factura que toda a gente utiliza em termos de combustíveis nesse país".

Para alterar esta realidade, o presidente do conselho de administração propõe que se parta do exemplo do BNA.

"Presentemente e olhando para o novo figurino das taxas de câmbio que o BNA definiu, por exemplo, nós temos estado a pensar por que é que se há um intervalo para uma taxa de câmbio variável ou flutuante, porque é que não estudaríamos um mecanismo para os preços dos combustíveis também num intervalo flutuante e variável?", questionou.

Apesar de reconhecer que se trata de uma solução "difícil ou complicada", Saturnino adiantou que "é assim que alguns países fazem".

O PCA lembrou ainda que esse sistema não deve ser visto como sinónimo de aumentos de tarifas. "O preço na bomba pode subir, mas também pode descer, o mecanismo tinha que prever isso", apontou.