Até ao momento, os estrondosos abalos económicos provocados, sobretudo pela Covid-19, estão visíveis, com perda de emprego em quase todos os sectores da sociedade, tanto nas micro, como nas pequenas e médias empresas e, mormente, nas grandes instituições do sector privado.
O sector dos Transportes esteve entre os mais prejudicados, fruto do encerramento de todo o tipo de fronteiras, depois de o Presidente da República ter decretado Estado de Emergência em finais de Março e a cerca sanitária em Luanda. As perdas nesse ramo terão ascendido a mil milhões de dólares, disse, em Novembro, o secretário de Estado para o Sector da Aviação Civil, Marítimo e Portuário, Carlos Borges.
Sectores como da restauração, Ensino, Hotelaria, Turismo e outros também sentiram, pela negativa, a "mão pesada" da pandemia, apesar de o Executivo ter apresentado programa de financiamento para as firmas, pois poucas beneficiaram do mesmo.
O "aperto" ocorreu porque, com a propagação do novo coronavírus, primeiro na China, onde, em Dezembro de 2019, tudo começou, e depois em praticamente todo o mundo, o barril de petróleo iniciou uma perda acentuada de valor que o levou de uns "confortáveis" 65 dólares no início de Janeiro, como escreveu o Novo Jornal na altura, para menos de 25 USD, valor mais baixo em duas décadas.
Em função do sufoco financeiro que se previa, em consequência da Covid-19 e da quebra do preço do crude, o Executivo de João Lourenço teve de rever o seu OGE 2020, passando o preço de referência do barril de petróleo para 33 dólares, ao contrário dos 55 USD do previsto no orçamento inicial.
OGE 2020 teve de ser revisto, FMI entrou em cena
Em virtude de a Covid-19 e a queda do preço do petróleo terem asfixiado a economia nacional, o Executivo foi forçado a submeter à Assembleia Nacional uma proposta de revisão do OGE 2020, tendo sido aprovada em Julho último, com corte de 2,3 biliões de kwanzas nas despesas e receitas, saindo, assim, de 15,8 biliões Kz para os actuais 13,5 biliões.
Mas, nem esta decisão serviu de "bálsamo" para o quadro financeiro de um país que, pelo quinto ano consecutivo, registará taxas de crescimento negativas, já que o próprio Executivo prevê, para este ano, uma recessão de cerca de 3,3%. A informação foi prestada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, no final de Outubro, após a entrega da proposta de lei do OGE para 2021 à Assembleia Nacional.
Para contornar os estragos provocados pela pandemia, o Executivo pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) um reforço do empréstimo no valor de 765 milhões de dólares, com o objectivo de apoiar "os esforços das autoridades e de controlar a propagação da Covid-19", o que foi aceite, acrescendo, deste modo, o financiamento para 4,4 mil milhões de USD, uma vez que, em 2018, Angola solicitou 3,7 mil milhões de dólares, dos quais já foram disponibilizados 2,5 mil milhões USD, conclui a nota da terceira avaliação dada ao abrigo da Linha de Financiamento Ampliada.
O FMI confirma, em nota, que "a economia de Angola foi duramente atingida por um choque multifacetado devido à Covid-19 e ao declínio dos preços do petróleo.
Ainda no combate ao novo coronavírus, o Executivo avançou, em Setembro, que gastou 43 mil milhões Kz, correspondentes a 66 milhões de USD, de acordo com o Relatório das Actividades Realizadas para o Controlo da Pandemia da Covid-19. O valor foi revelado no documento apresentado na Assembleia Nacional pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião.
Pedro Sebastião referiu, na ocasião, que, além deste dinheiro usado para a liquidação de diversas despesas, o Executivo recebeu doações em bens materiais, alimentares e valores monetários, avaliados em 4,2 mil milhões de kwanzas, 5,5 milhões de dólares e 772,2 mil euros.