O empresário congolês, casado com Isabel dos Santos, afirmou à Lusa que o processo deu entrada esta quarta-feira no tribunal arbitral de Londres acusando a Sodiam de "`hacking` e roubo de documentos", relativa à correspondência de colaboradores de Sindika Dokolo, mas também "por violação do princípio de confidencialidade", ao alegadamente divulgar esses documentos, apesar das regras do acordo parassocial.

"E por ter destruído o valor económico do meu investimento. Eu, sim, perdi 120 milhões de dólares", afirmou o também coleccionador de arte congolês e genro do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

"Há um jogo político a tentar culpar a família dos Santos por todos os problemas em Angola", comentou, classificando o actual momento como de "caça às bruxas" e com uma "destruição de valor cega e irresponsável" por parte da administração da empresa estatal.

"Se a Sodiam quiser destruir valor do seu património o problema é dos seus gestores e dos donos da empresa, que é o Estado angolano. Não aceito é que se destrua património que trabalhei duramente para construir e dinheiro que investi de forma comprovada. E não aceito ser assim alvo de uma campanha política, para sujar os nomes das pessoas atrás de mim, da família dos Santos. Não aceito ser vítima disso sem me defender", disse.

"Vou pedir reparação [indemnização], não me cabe a mim determinar. Perdi mais do que a SODIAM", garantiu Sindika Dokolo à Lusa, rejeitando as alegações da administração, que se queixa de 200 milhões de dólares perdidos neste negócio.

A origem da contenda está no ano de 2017, quando, a 1 de Dezembro, a SODIAM anunciou a saída da sociedade Victoria Holding Limited, "por via da qual, e por forma indirecta" detinha uma participação societária minoritária na sociedade holding do grupo joalheiro De Grisogono", ligado a Isabel dos Santos.

Uns meses depois, em Abril de 2018, a joalharia, detida em mais de 70% pela empresária Isabel dos Santos e o marido, Sindika Dokolo, anunciava o despedimento de 41 trabalhadores, quase um terço da sua estrutura, devido à redução das vendas.