O anúncio foi feito pelo Ministério da Defesa chinês e, no momento em que fornecia a informação, ao final do dia de ontem, terça-feira, adiantava que foram autorizados testes em humanos, que é, normalmente, a fase derradeira antes da sua aprovação para uso comunitário.

Esta vacina foi, ainda segundo o mesmo comunicado, desenvolvida pelos laboratórios da Academia de Ciências Militares, que analistas ocidentais consideram ser o mais sofisticado do aparelho de guerra biológica chinês, por uma equipa multidisciplinar liderada por Chen Wei, um epidemiologista.

Segundo revelou a estação de televisão estatal chinesa, a CCTV, citando Wei, tido como um dos mais importantes especialistas em guerra biológica, esta vacina é a "mais poderosa arma científica contra a pandemia do novo coronavírus"

E, aproveitando o momento, os media chineses estão, desde o anúncio desta nova arma biológica anti-Covid-19, a sublinhar que se a China foi o primeiro país capaz de a desenvolver com tamanho êxito, então isso "demonstra o progresso da ciência chinesa e é a imagem de um país gigante neste domínio".

A "exterminadora" de vírus

Segundo os media chineses, esta vacina levou cerca de um mês a desenvolver e partiu do trabalho desenvolvido por Chei, que foi quem, em 2003, desenvolveu um spray para lidar com a SARS, uma epidemia gerada por outro tipo de coronavírus, que se revelou fundamental para proteger os trabalhadores na área da saúde.

O seu trabalho rendeu-lhe ainda o epiteto de "exterminadora do Ébola", por ter liderado uma equipa que criou uma das vacinas existentes eficazes contra este vírus responsável pela mais grave febre hemorrágica conhecida.

E foi ela uma das primeiras a comparar uma epidemia a uma situação militar, sendo, apontou, equivalente a um campo de batalha.

Esta cientista, e oficial general do Exército chinês, de 54 anos, foi das primeiras a chegar à cidade de Wuhan, onde esta pandemia teve início, em meados de Dezembro do ano passado.

Recorde-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tinha anunciado em Fevereiro que a produção de uma vacina e o início dos testes em humanos não seria possível antes de 18 meses.

Com este anúncio, e o arranque imediato dos testes em humanos, apesar de não ter sido revelada uma data, seguro é que o calendário estimado pelo director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, deverá agora ser substancialmente encolhido.