Esta decisão é histórica porque o Senado, controlado pelos republicanos, foi um dos patamares de apoio incondicional de Donald Trump na campanha onde este procurou e falhou a reeleição para um segundo mandato.
A votação inédita na câmara alta do Congresso teve lugar no primeiro dia de 2021 e colocou um travão a fundo ao veto de Trump ao orçamento da Defesa no valor de quase 750 mil milhões de dólares.
Uma das consequências desta anulação é que o veto de Trump iria travar os aumentos previstos nos salários dos militares, a construção de infra-estruturas militares e a continuação de projectos de inovação no sector das forças armadas.
Como lembra a imprensa norte-americana, esta votação no Senado ocorre depois de Donald Trump ter criticado de forma violenta os senadores do seu próprio partido, a quem chamou de "gente cansada incapaz de travar uma má decisão fosse avante, apontando o projecto lei como "uma vergonha" que demonstra "a submissão dos republicanos" às grandes companhias tecnológicas.
Trump disse ainda que o projecto lei do orçamento da Defesa, tal como estava para ser aprovado, favorecia a Rússia e a China.
A votação de 81-13 no Senado seguiu-se a uma votação anterior, na Câmara dos Representantes, em que 322 membros votaram a favor do orçamento da Defesa e 87 votaram contra.
O líder da maioria republicana no Senado, o senador Mitch McConnell, homem próximo de Donald Trump, recordou, segundo a Lusa, que nos últimos 59 anos a Lei de Defesa Nacional foi sempre aprovada e que "de uma maneira ou de outra", o Congresso iria passar o 60.º projeto de lei a lei antes do fim do mandato, no domingo.
"O projecto olha pelos nossos bravos homens e mulheres que se voluntariam para usar o uniforme", disse McConnell, acrescentando que é também "uma tremenda oportunidade" de dirigir as prioridades de segurança nacional.
"É a nossa oportunidade de garantir que acompanhamos o ritmo dos concorrentes como a Rússia e a China", disse ainda.
A votação do Senado que anulou o veto foi adiada depois de o senador democrata Bernie Sanders ter recusado avançar até que McConnell permitisse a votação de um projecto de lei, apoiado por Trump, de apoios à crise provocada pela pandemia e que contemplam o pagamento de cheques de dois mil dólares aos americanos em dificuldades.
McConnell não permitiu a votação e usou o seu poder parlamentar para limitar a votação ao projeto de lei relativo à Defesa, o que esvaziou uma ameaça de Sanders e o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, de avançar com um "filibuster", uma manobra política usada em contexto parlamentar para obstruir ou atrasar o avanço de uma lei, eternizando o debate sobre a matéria em causa.
Sem o acordo entre os dois partidos, a votação do projeto de lei poderia ter sido adiada para a noite de sábado.
Durante os quatro anos de mandato, Trump foi bem sucedido em manter o Congresso disciplinado, limitando a mínimos qualquer oposição por parte dos republicanos, mas a votação sobre a Lei de Defesa mostra a sua perda de influência, sublinhada ainda pela recusa dos republicanos em votar o projecto de apoios para a pandemia, já aprovado pela Câmara dos Representantes, mas esquecido pelo Senado, apesar de ter a aprovação do presidente cessante.