1 -Importa, desde logo, sublinhar que a propósito do 50.º aniversário da passagem das independências dos países de língua oficial portuguesa se deslocou a Portugal, a convite do seu homólogo, o Presidente João Lourenço.
Antes desta visita, o grupo de Embaixadores africanos acreditados em Portugal, sob o impulso da Senhora Embaixadora de Angola em Portugal, Maria de Jesus Ferreira, promoveu no Tagus Park, em Oeiras, o Dia de África, a 27 de Maio, com a sala cheia, antecedida por uma viva actividade cultural, servindo-se no final uma refeição de gastronomia africana.
Também as associações culturais, Liáfrica e Welwitschia, promoveram na Universidade Lusófona uma cerimónia com o mesmo objectivo, convocando a diáspora angolana, com intervenções de personalidade de referência, entre os quais, o Dr. Edson Barreto, responsável pelo Departamento de quadros da Presidência da República de Angola, para não falar nas reiteradas iniciativas que a cada passo a Casa da Lusofonia de Coimbra promove.
Quanto a livros que foram publicados desde o final do ano passado até ao presente, as obras "O reconhecimento do Governo de Angola pelo Estado português", do Professor Domingos Cúnua" e ainda "Desconseguiram Angola" e "Angola aos Despedaços: 50 Anos Depois - Que futuro?", ambos de António Costa Silva, bem como "Vidas Quebradas", do jornalista António Mateus.
Não poderei também deixar de citar o livro de José Bento Duarte "A Primeira Travessia da África Austral", realizada pelos angolanos Pedro João Baptista e Anastácio Francisco", que pela primeira vez é publicada, bem como duas outras obras do autor, "Senhores do Sol e do Vento" e "Peregrinos da Eternidade", que compõem uma trilogia de inegável qualidade.
O livro de José Bento Duarte foi apresentado pelo Prof. Dr. Carlos Mariano Manuel, autor de três volumes da História de Angola.
2- Ao falar da passagem do 50.º aniversário da Independência de Angola, não poderei deixar de estender o artigo a África e, em particular, aos países da região do Sahel.
Como é sabido, os países que integram o Sahel estão na transição do Sahara para a Savana, e compreendem a Mauritânia, o Senegal, o Mali, o Burkina Fasso, o Níger, parte da Nigéria, o Chade, o Sudão e a Eritreia.
Apesar de já ter referido noutro artigo o que se passa em alguns deles, entre os quais o Sudão, o facto de a capital de Darfur, El-Fasher, ter sido recentemente ocupada pelas forças paramilitares do R.S.F. (Forças de Apoio Rápido), contrárias ao poder, isso representa um sério prenúncio de um gravíssimo evoluir da situação.
O Sudão vive a pior crise humanitária da humanidade e se constatarmos que no Mali as forças jihadistas estão em ascensão, temos o relato cruel das consequências da violência, das deportações em massa, da fome e da miséria nesta região.
Tenho presente, aliás, que o grupo Africa Korps, herdeiro do grupo Wagner da Federação Russa presente desde 2023 em acordos com vários destes países do Sahel, não só não tem minorado a situação, bem pelo contrário, como parece incapaz de o vir a fazer.
Não se estranha por isso que recentemente Sua Santidade, o Papa, e o Secretário-Geral da ONU, para além da U.E., tenham feito apelos à comunidade internacional para que a sorte dos povos destes países reganhe o mínimo de esperança na própria sobrevivência.
Como os leitores podem ver, da passagem do 50.º aniversário da Independência de Angola, até ao que se passa nos países do Sahel, nada no mundo global de hoje nos é ou pode ser indiferente, como afirmou um grande historiador português, o mundo actual está mesmo perigoso, sendo o Sahel disso um infeliz exemplo.

