Mas, afinal, como é que estas ideias se traduzem no dia-a-dia das pessoas?

Um dos caminhos é a chamada cidadania fiscal, expressão usada pelo professor Casalta Nabais: todos devemos contribuir para o funcionamento do Estado através dos impostos, mas, em contrapartida, o Estado deve ser justo, equilibrado e transparente na forma como devolve esses recursos à sociedade. Quando isso acontece, há mais confiança, menos evasão fiscal e mais investimento em sectores que realmente importam, educação, saúde, cultura e desporto.

E aqui chegamos ao ponto central: o desporto como elevador social.

Num país como Angola, onde 60% da população tem menos de 25 anos, não basta falar de economia e finanças de forma abstrata. É preciso olhar para as oportunidades que damos aos jovens. O desporto, muito mais do que lazer ou competição, é uma porta aberta para a inclusão social, para o sucesso académico e até para a integração no mercado de trabalho.

Basta ver os exemplos de atletas que, vindos de contextos difíceis, conseguiram ascender socialmente através do talento, da disciplina e da dedicação. Mas, para além das histórias individuais de superação, o desporto é também um espaço colectivo de valores: ensina solidariedade, disciplina, respeito, convivência e trabalho em equipa.

Por isso, quando dizemos que o desporto é um elevador social, não se trata de retórica. É uma realidade concreta e urgente. Se quisermos uma Angola mais coesa, mais justa e mais próspera, precisamos de olhar para o desporto como política pública estratégica, tão essencial quanto a escola ou o hospital.

*Jurista e Presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga