Francisco Paciente e Rodrigo Catimba são acusados de estarem por detrás dos tumultos de finais de Julho, dos quais resultaram dezenas de mortos, pelo menos 30 confirmados oficialmente, e o Novo Jornal soube junto de fontes ligados ao processo que a pancadaria teve lugar na passada semana.

Os dois líderes da ANATA trocaram fortes acusações durante a cena de pugilato, o que obrigou o serviço penitenciário transferir um deles para outra prisão.

Uma fonte ligada ao processo contou ao Novo Jornal que Francisco Paciente, o presidente da ANATA, foi transferido, após o episódio de pancadaria, para o estabelecimento prisional de Kakila, na província de Icolo e Bengo.

Conforme a fonte, Francisco Paciente e Rodrigo Catimba estavam de costas viradas antes da detenção de ambos, em Agosto último, e partilhavam a mesma prisão, embora em celas separados.

Os dois recebem visitas de associados e de membros da direcção, mas o clima entre eles não é saudável, atestam as mesmas fontes.

A semana passada, descreve a fonte, durante o "banho de sol", no pátio do estabelecimento penitenciário de Viana, os dois responsáveis da maior associação de taxistas do país entraram em pancadaria e foram separados pelos agentes prisionais.

Francisco Paciente e Rodrigo Catimba estão detidos desde o mês passado por suspeitas de associação criminosa, incitação à violência, atentado contra a segurança nos transportes e terrorismo.

Segundo o Serviço de Investigação Criminal (SIC), a detenção de ambos ocorreu em cumprimento de um mandado emitido pelo Ministério Público, na sequência de investigações que apontam fortes indícios do seu envolvimento na promoção de actos de vandalismo e arruaça contra bens e serviços públicos e privados, registados no final do mês de Julho.

No mesmo processo estão também detidos os presidentes da Associação de Taxistas de Angola (ATA), Francisco Eduardo, da Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola (CTCA), Rafael Ginga Inácio, e da Cooperativa dos Taxistas, António Alexandre Freitas, todos em prisão preventiva.

Entretanto, fontes da Procuradoria-Geral da República asseguraram ao Novo Jornal que o processo se encontra em instrução preparatória onde o MP deve reunir as provas da acusação para remeter ao tribunal.

O presidente do Sindicato dos Taxistas de Angola (STA), Geraldo Wanga, em declarações ao Novo Jornal, assegura que as acusações sobre os líderes das principais associações e cooperativas de táxis são fortes, mas que para tal é preciso o MP prová-las.

Segundo Geraldo Wanga, caso o processo for a julgamento, é preciso que se aplique justiça para quem os cometeu e inocentar quem não cometeu qualquer crime.

Conforme o Sindicato dos Taxistas de Angola, a classe está calma e confiante que tudo vai ser esclarecido na justiça porque estes dirigentes não podem ser condenados apenas por anunciarem uma greve.