Esta pandemia, que transformou num ápice o quotidiano da grande maioria dos habitantes do planeta azul, obrigou-nos a aprender novas palavras, praticar novas formas de higiene, criar novas formas de (sobre)viver, identificar novos passatempos, desenvolver estratégias de trabalho a partir de casa e sobretudo filtrar as informações que nos chegam em múltiplos formatos numa combinação de informação censurada, notícias falsas e informação em excesso. A verborreia também complica principalmente quando qualquer um se torna um especialista de classe mundial... a dizer disparates.

O Estado de Emergência decretado pelo Presidente da República vem descortinar um conjunto de desafios que a sociedade angolana terá muitas dificuldades em ultrapassar fruto do débil sistema de ensino e inexperiência em lidar com a gravidade do assunto. A objecção em acatar as recomendações do Estado de Emergência é um reflexo de sintomas ainda mais preocupantes que a pandemia.

Se por um lado a débil educação, tanto das camadas mais vulneráveis como dos supostamente "bem" educados, resulta num incumprimento teimoso das medidas decretadas, por outro lado há um grupo com uma postura "revú" que apenas serve para colocar em perigo milhões de vidas, hipotecando o já preocupante e frágil futuro de muitos angolanos.

A pandemia e os impactos a ela associados não vão ficar apenas por nos obrigar a desistir de hábitos e costumes que nos caracterizam e nos identificam. Passar a ter um kandandu frio por conta do distanciamento social é dos males o menor. Os impactos económicos terão, sem dúvida, um efeito negativo para o país e para o mundo. Todavia, todos nós temos um papel importante no combate a esta pandemia, sem excessos de todos os intervenientes, onde uma das divisas será mantermos o distanciamento agora para no futuro nos podermos ajudar. Não podemos deixar de ser solidários e perder a esperança.