Félix Tshisekedi encontra-se na capital etíope para participar nos trabalhos da 32.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), tendo no sábado sido acolhido simbolicamente numa reunião organizada pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O novo presidente da RDC, que sucede Joseph Kabila, ganhou a votação com 38,57% dos votos, resultado contestado por Martin Fayulu, que obteve a segunda posição.

Segundo a agência noticiosa angolana Angop, a este respeito, Manuel Augusto sublinhou que não houve recuo da comunidade internacional em relação aos resultados eleitorais de Dezembro último.

"Constatou-se um facto e todos querem apoiar o processo de transição, que permita atingir um ciclo normal de vida democrática na RDC que contempla a alternância do poder", sublinhou.

"Na vida há que diferenciar sempre o bem maior e o bem menor. E o caso da RDC só é falado no mundo inteiro por ser um caso especial, porque há eleições em todo o mundo e não merecem a atenção que as eleições na RDC mereceram não só em África, mas no mundo. Isto situa a RDC numa posição singular", disse.

Dada as particularidades do país no processo histórico, Manuel Augusto enfatizou que a questão do RDC deve ser apreciada de forma especial e "sem qualificar o classificar se foi bom ou não bom" todo o processo eleitoral.

O chefe da diplomacia angolana indicou ser importante realçar o facto de, pela primeira vez em 60 anos, há na RDC uma transição pacífica do poder.

"Só o facto em si já é um acontecimento e não é um acontecimento de menor importância", frisou.

Manuel Augusto salientou também que "não se confirmaram os cenários dantescos e apocalípticos" previstos em função do que poderia acontecer com a proclamação dos resultados, "o que significa que o povo da RDC também sabe distinguir aquilo que é importante e fundamental e daquilo que seria o ideal".

"Já foram desencadeados os mecanismos para aferir os resultados se correspondiam a vontade popular. Se nós advogamos pelo respeito pelas instituições de cada país, temos de dar o benefício da dúvida às instituições da RDC que se pronunciaram sobre a matéria, nomeadamente o Tribunal Constitucional", observou, acrescentando que "nenhum país do mundo gosta que sejam postas em causa as suas instituições".