Com efeito, pouco passava das 11:00, hora de Luanda, de hoje, quando a linha que separa a casa dos 60 USD foi furada de cima para baixo pela seta dos gráficos dos mercados internacionais referentes ao Brent, chegando aos 59,45 USD, tendo, depois recuperado ligeiramente, mas sem subir além dos 60 USD.

Eram 13:00 em Luanda e o barril que importa para a economia nacional ainda se mantinha nos 59, 61 USD, quase um dólar e meio abaixo do valor médio que serviu de referência para o desenho do OGE 2026 do Governo, que foi de 61 dólares norte-americanos.

E tudo porque, como já na segunda-feira, 15, se podia adivinhar, reina o optimismo entre os media ocidentais, que contaminou os mercados, sobre um acordo iminente entre russos e ucranianos para a guerra no leste europeu, sobre o qual o Presidente dos EUA disse poder acontecer "a qualquer momento".

E se tal suceder, o crude russo, até agora proibido de circular normalmente pelas sanções ocidentais, volta a "inundar" os mercados, aumentando substancialmente o buraco crescente entre a oferta a aumentar e o consumo a decrescer... como tem dito repetidamente a Agência Internacional de Energia (AIE) e a OPEP+ parece, estranhamente, querer ao repor milhões de barris na produção do cartel ao longo de todo o ano de 2025.

É claro que se trata de excesso de optimismo (ver aqui), mas para os mercados, a voz de Trump parece ser ainda mais sonora que a realidade, mesmo sabendo os analistas do sector que na Casa Branca se aguarda com especial fervor por um tempo de crude abaixo dos 60 USD.

Sendo que mesmo bom para a Administração norte-americana era que o barril estourasse na escala dos seus interesses para baixo dos 40 ou ainda menos, porque essa é a fórmula mais rápida para combater a flamejante inflação e ajudar a criar mais empregos quando estes desaparecem à velocidade da luz...

... que falta no período mais sombrio da economia dos EUA em muitos anos, o que faz tremer Trump mais que qualquer conflito no mundo porque sabe que os eleitores norte-americanos votam com o bolso e dentro de 11 meses tem pela frente as eleições intercalares para o Senado e a Câmara dos Representantes onde arrisca perder as duas maiorias.

Mas não é apenas a paz na Ucrânia em perspectiva, é também o assalto ao poder na Venezuela através da poderosa Armada que os EUA enviaram para o Mar das Caraíbas, de forma a assumir o controlo das estrondosas reservas de Caracas estimadas em mais de 300 mil milhões de barris...

E isso ficou agora ainda mais perto de acontecer depois de Donald Trump ter assinado um decreto a colocar o fentanil, um analgésico poderoso, na prateleira das "armas de destruição em massa", o que alarga os horizontes legais para justificar o ataque ao poder de Nicolas Maduro.