O partido do "Galo Negro", no comunicado síntese da última reunião do Comité Permanente (CP) da Comissão Política publicado na sua página online, reitera a sua posição onde defende a "implementação das autarquias em todo o território nacional, para o benefício de todos os residentes, ao mesmo tempo".

Porque, insiste a UNITA, essa é "uma imposição constitucional, um dever e uma obrigação imposta ao Estado, e não uma faculdade dos políticos".

Recorde-se que as autarquias locais democráticas, segundo decisão do Parlamento, verão a luz do dia em 2020, embora a posição do partido maioritário é que estas surjam de forma gradual em algumas cidades e localidades do país.

Mas o partido liderado por Isaías Samakuva mostra-se contra este modelo porque, entre outros argumentos, "a implementação das autarquias locais concretiza a estruturação democrática do Estado a nível local, com base no principio da descentralização político-administrativa, no principio da autonomia dos órgãos do poder local e no principio da igualdade na esfera da participação política dos cidadãos".

E porque "estes princípios estruturantes da Constituição da República não permitem que o principio instrumental do gradualismo seja distorcido por motivos político-partidários, só para discriminar os angolanos ou certas parcelas do território nacional".

No mesmo texto, a UNITA "reitera a sua posição a favor de uma sindicância, inquérito, inspecção ou auditoria à dívida pública" porque "os angolanos e a comunidade internacional sabem que nenhum outro país do mundo teve o seu erário público tão saqueado pelos seus próprios governantes como Angola".

"E sabem também que uma boa parte deste saque ou roubo foi feito através de alegadas dividas, umas forjadas, outras empoladas. É preciso que uma governante venha dizer publicamente que 25% da divida pública é fraudulenta para o Partido-estado aceitar a necessidade imperativa de uma auditoria para a defesa do interesse nacional? Porquê tanto desprezo pela defesa do interesse público?", questiona.

"Porque se fez ouvidos de mercador à demanda da UNITA para se proceder à nomeação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) à dívida pública? E quem garante que a parte fraudulenta da dívida pública sejam mesmo 25% e não 50% ou 70%? Como podemos saber ao certo se não investigarmos? Afinal, o que é que se procura esconder?", interroga ainda a prosa do "Galo Negro".

O partido fundado por Jonas Savimbi não ficou indiferente ao palco judicial onde o país vive em permanente sobressalto com sucessivas notícias sobre iniciativas da Procuradoria-Geral da República, sublinhando que "acompanha com bastante interesse as mediáticas denúncias que nos últimos dias têm dominado a opinião pública, desta vez saídas de dentro das estruturas do próprio Partido-estado, sobre alegados crimes de peculato, quadrilha, corrupção, organização criminosa, branqueamento de capitais e outros, imputados a servidores do Estado, a todos os níveis".

"A UNITA regozija-se pelo facto de verificar que a sua luta contra a corrupção tornou-se agora política oficial do titular do Poder Executivo. A UNITA constata que a sua mensagem sobre a corrupção, segundo a qual, o Estado angolano funda-se na corrupção, alimenta-se da corrupção e sobrevive na corrupção, lançou finalmente as sementes para a segunda libertação do País", aponta o texto.