O anúncio desta descoberta surge na edição de hoje da Zootaxa, revista científica publicada pela Magnolia Press, e nem sequer é algo de muito extraordinário, porque acontece com frequência serem encontradas novas espécies nos fundos marinhos, mas o que torna esta extraordinário é o que continha nas suas entranhas.
Plástico vulgar, PET, ou polietileno tereftalato, daquele que serve como matéria-prima para produzir garrafas de água, algum vestuário ou os vulgares sacos de plástico que servem para levar para casa as compras feitas no mercado do bairro ou no supermercado, é o que este crustáceo tinha inserido nos seus tecidos biológicos e entranhas, o que forneceu aos cientistas o mote para o baptismo: Eurythenes plasticus.
A forma como o plástico que todos nós usamos em excesso chegou ao coro deste pequeno animal é conhecida da ciência. Com a queima ou o despejo do lixo urbano nos oceanos, o plástico vai-se deteriorando até à forma de microplástico e mesmo nanoplástico, partículas invisíveis a olho nu, que acabam por entrar no ciclo alimentar de várias espécies, incluindo a humana, mas com maior destaque para os peixes e as aves que se alimentam destes, ou ainda nos crustáceos, como o vulgar camarão, acabando por chegar ao Homem, onde se deposita nos tecidos, tal como sucede com os organismos marinhos.
O que os vários cientistas que participaram na expedição à Fossa das Marianas e acabaram por descobrir Eurythenes plasticus, dizem é que esta é a demonstração clara de que o plástico é um dos compostos que mais está a envenenar o mundo a uma velocidade extraordinária e com uma abrangência que vai aos mais recônditos cantos do globo.
Essa é a razão pela qual alguns países, nomeadamente africanos, pelo menos os mais desenvolvidos, como o Ruanda, proibiram o uso de sacos de plástico comuns. Angola não faz parte, ainda, desta lista de países mais empenhados no combate à polição e na defesa da natureza.