As bancadas de marfim estão encerradas, mas quem sempre viveu deste negócio continua a ter peças para vender. Paulo Ventura, secretário administrativo do mercado, confirmou ao NJ que o Ministério do Ambiente não retirou o marfim dos comerciantes, tendo procedido simplesmente, ao registo do número de peças das bancadas encerradas.
"Não sei as razões que levaram o Ministério a deixar as peças com os vendedores. Só posso dizer que a administração do mercado, em conjunto com o Ministério, está a fazer o levantamento das peças de marfim que ficaram com os vendedores, para o seu devido tratamento", adiantou Paulo Ventura.
Enquanto o processo decorre, a clandestinidade ganha fôlego.
"Há colegas que vão comercializar em lugar recôndito, porque cada vendedor já tem o contacto do seu cliente", disse à nossa reportagem um dos comerciantes do Benfica, que pediu para não ser identificado.
No negócio há mais de sete anos, o vendedor lembra que este mercado tem o atractivo de ter uma procura predominantemente estrangeira: os clientes são sobretudo chineses e vietnamitas.
Mas se de um lado há quem faça contas ao que pode ganhar na clandestinidade, do outro não falta quem exija uma compensação pelas vendas perdidas.
"A Administração pediu a lista dos produtos de cada bancada, para enviar ao Ministério, nós demos e estamos à espera que nos digam alguma coisa", adiantou Cardoso Francisco, acrescentando que com o dinheiro pretende investir na comercialização de outros materiais como a madeira.
O encerramento das bancadas visa desencorajar a caça furtiva e tirar o país da rota do tráfico de marfim.