Apenas três das dezasseis empresas que formam a Associação dos Produtores de Sal de Angola (APROSAL) reúnem condições para vender o produto à indústria petrolífera, apontada como um importante nicho de mercado para salinas com milhares de toneladas sem compradores.
Até há bem pouco tempo, as salinas Calombolo, Macaca e Chamume, todas em Benguela, província que detém 80 por cento de todo o sal produzido em Angola, tinham a companhia de duas outras, mas as exigências em matéria de qualidade baixaram o número.
São notas avançadas pelo presidente da APROSAL, Totas Garrido, nesta quinta-feira, 16, no fórum sobre a importância da cadeia de valor da produção do sal, promovido pela Associação de Jornalistas Económicos (AJECO).
As exigências de operadores petrolíferos ficam mais vincadas quando se refere que só a partir de 2021, após várias correrias e solicitações, como assumiu Totas Garrido, o sal nacional começou a ser adquirido.
"A indústria petrolífera preferia importar, e na totalidade. Era mais fácil lá fora, existiam lobbies instalados, por isso não interessava o nosso", assinalou Garrido, líder de uma organização a funcionar desde Agosto de 2009.
O empresário reconhece que as três salinas "resistentes" fornecem um produto com menos cálcio do que a quantidade exigida, o que levou a "adaptações e ajustes" nos poços petrolíferos.
"Foi preciso muito diálogo, eles ficaram sem reserva. Hoje, pedem com quatro dias de antecedência, mas são bastante exigentes", frisou.
Pouco depois, numa intervenção que viria a suscitar acesos debates, o director do Instituto da Defesa do Consumidor (INADEC) em Benguela, Manuel Furtado, alertou para falta de laboratórios funcionais na província, sugerindo ser natural que a qualidade seja questionável.
O País produz 240 mil toneladas/ano, sendo 90 mil para o consumo humano e animal e 150 mil toneladas para a indústria e exportação, quando o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) aponta como necessidade 340 mil toneladas por ano.
Perante esta discrepância, o consultor industrial Mário Rui afirmou que Angola deve investir mais em infra-estruturas que garantam sal orgânico, naquele que foi o pronunciamento que puxou para o fórum a polémica em torno do uso de lonas plásticas na produção.
Contrariando a versão de chineses e vietnamitas, que usam as geo-mantas, o vice-governador para a área Técnica e de Infra-estruturas, Adilson Gonçalves, explicou que foram encerradas várias empresas devido a aspectos legais, por falta de documentação.
O sal produzido pelos expatriados, que não foram ouvidos porque não estiveram representados, não entra nas estatísticas da APROSAL.
Noutro ponto do fórum, uma iniciativa com apoio institucional do Governo Provincial de Benguela, a empresária Tânia Areias afirmou que "o excesso de burocracia" está a condicionar as exportações, assinalando que o País tem capacidade para assistir os mercados regional e internacional.
Kwanza Sul, Namibe, Bengo e Icolo e Bengo são as outras províncias representadas na Associação dos Produtores de Sal de Angola.