Há seis meses, o volume de dez maços de cigarros de algumas das marcas mais conhecidas custava, nas ruas de Luanda, entre cinco a seis mil kwanzas, hoje é difícil encontrar e quando estão disponíveis, o preço pode chegar aos 25 mil kwanzas.

A razão para esta inflação vertiginosa no preço dos cigarros reside na crise que Angola está a atravessar e a escassez de divisas, resultado directo da queda do preço do barril do petróleo, que torna cada vez mais difícil importar tabaco, como contou ao Novo Jornal Online uma fonte que lida directamente com a venda de cigarros de marcas internacionais em Angola.

"É certo que os preços subiram porque há algumas marcas que estão a ficar sem stocks e, em alguns casos, como o Marlboro, já só esporadicamente aparecem no mercado", disse a mesma fonte, adiantando que "a especulação apareceu assim que a oferta de cigarros dessas marcas diminuiu".

Quem for hoje comprar cigarros aos locais de venda mais conhecidos em Luanda, seja no Largo do Kinaxixi ou na zona da Martal, na Maianga, por exemplo, e tiver saído de Luanda há pouco mais de seis meses, pode ter uma desagradável surpresa.

É que vai dar conta que lhe vão pedir 20 mil kwanzas por um volume de 10 maços de Marlboro normal (2 mil Akz por maço), ou 25 mil se for Marlboro Beyond, o que dá uns excessivos dois mil e quinhentos kwanzas por cada maço de 20 cigarros... quando então custava "apenas" cinco mil.

"Isto acontece porque é tabaco que só se consegue importar da Suíça e, sem divisas disponíveis para isso, ele não chega ao mercado. Depois, claro, quem vai tendo vende mais caro e, no fim da linha, quando chega ao cliente que compra na rua, os preços são muito altos", admitiu a mesma fonte.

Como pano de fundo a este cenário está o facto de o tabaco estar, naturalmente, fora da lista dos produtos considerados prioritários pelo Governo quando é feita a disponibilização semanal de divisas pelo Banco Nacional de Angola para as importações.

Para minimizar a situação, os importadores, oficiais, ou outros que se depararam com uma oportunidade de fazer um "bisne", estão a recorrer à África do Sul, de onde estão a chegar a Angola algumas marcas, bastante mais baratas que aquelas que chegavam da Suíça.

É por isso que, por exemplo, ainda é possível comprar um volume de Rothmans por cinco mil kwanzas, apesar de há poucos meses custar apenas 2 500 Akz. Isto, claro, para quem não quiser fumar tabaco de marcas de "produção" nacional, como o AC e o SL, que fica muito mais em conta.

Actualmente, as marcas nacionais são produzidas pela Sociedade Unificada de Tabacos de Angola (SUT), e no mercado nacional operam ainda empresas que importam tabacos produzidos pelas multinacionais, como a Philip Morris International ou a Japan Tobacco internacional.