A República Democrática do Congo (RDC) é o maior produtor, destacado, de cobalto em todo o mundo, o que faz este gigante vizinho de Angola estar permanentemente no radar das grandes potências industriais mundiais, como os EUA, a China ou os países europeus e asiáticos com fileiras automóveis fortes.
Acontece que no início deste ano, devido às normais "voltas" da economia global, este mineral deu um tombo de gigante nos mercados internacionais, levando o Governo de Kinshasa a proibir as exportações em Fevereiro de forma a puxar de novo os preços para cima.
Com efeito, esse movimento gerou pressão no lado da oferta, levando a uma reacção positica, até porque alguns dos gigantes mundiais da extracção de cobalto, como anglo-suíça Glencore ou a chinesa CMOC, operam neste país e foram obrigados a declarar "force-majeure" para evitar problemas com as encomendas.
Entretanto, segundo noticiaram as agências especializadas, Kinshasa voltou a abrir as portas à saída da matéria-prima que também tem uso relevante na indústria aero-espacial e aviação comercial, na produção de ímanes ou superligas metálicas, por exemplo, mas impondo quotas de exportação de forma a evitar novo excesso de oferta.
A retoma da exportação está assim prevista para 16 de Outubro, estando os exportadores limitados a pouco mais de 18 mil toneladas, sendo que em 2026 e 2027, o limite estará fixado nas 96 mil toneladas.
Esta notícia pode vir a ser relevante para Angola porque o cobalto, segundo algumas fontes, é um dos minerais que apareceram com relativa abundância nos radares do Planageo (Plano Geológico Nacional), que começou a ser elaborado há cerca de uma década (ver links em baixo) pelos laboratórios oficiais de Portugal e Espanha de geologia e engenharia, e já foi parcialmente divulgado em feiras internacionais de mineração mas ainda não se conhece a sua forma definitiva.
Isto, porque, apesar de estratégico, o cobalto - vale actualmente cerca de 34.500 USD/tonelada - atingiu no início de 2025 os valores mais baixos em quase uma década, o que não perspectiva um ânimo extraordinário para que as "majors" globais do sector ganhem apetite por investirem em Angola nesta área específica.
Além disso, o cobalto foi e é, embora com o acordo de paz, embora frágil, mediado pelos EUA entre o Governo da RDC e os rebeldes "ruandeses" do M23 (ver links em baixo), tenha normalizado ligeiramente, porque tem especial incidência no leste do Congo, onde está a grande mancha de cobalto em reservas naturais, uma das principais razões para a instabilidade de décadas nesta região.
Entretanto, segundo a AFP, enquanto a Glencore está alinhada com Kinshasa na imposição de quotas, os chineses da CMOC, o maior produtor mundial deste mineral, opõe-se, até porque a China é actualmente o maior produtor global de veículos eléctricos e esta situação pode prejudica essa indústria.
Entretanto, o Governo do Presidente Felix Tshsekedi, que está a lidar com uma pressão gigantesca das grandes potências económicas mundiais, incluindo os EUA, a China e a Europa Ocidental, devido às suas riquezas naturais em minérios estratégicos, que engloba ainda as "terras raras" e o ainda mais estratégico coltão, aproveitou esta crise para impor que 10% do coltão extraído no país tem de ser obrigatoriamente usado em unidades industriais situadas no Congo.