O ataque, segundo a imprensa congolesa, ocorreu nas aldeias de Masala, Mahini e Mapasana, no Kivu Norte, leste do Congo, onde decorre um prolongado combate aos rebeldes do M23, estes com origem no Ruanda, mas, tal como as ADF, com um rasto de destruição e morte que vai até meados da década de 1990.

Esta região da RDC, com fronteiras com o Ruanda, Uganda e Tanzânia, mais a sul, é uma das mais instáveis do continente africano e onde mais de duas dezenas de guerrilhas e milícias geram instabilidade há cerca de três décadas, quase todas nascidas do genocídio dos Tutsis do Ruanda, em 1994.

Apesar deste ataque das ADF, o mais recente grupo a aliar-se aos jihadistas do daesh, ser dos mais mortais em longos meses, o leste da RDC tem sido marcado, desde 2021, mais pela acção do M23, rebeldes ruandeses que são acusados de estar ao serviço do regime de Kigali.

Alegadamente, segundo acusa o Governo de Kinshasa e a ONU confirmou num relatório de 2022, o M23 serve os propósitos do Ruanda ao expulsar camponeses das suas terras e proteger territórios onde é explorado minério, como cobalto e coltão.

Esses recursos são, depois transportados, ilegalmente, para o Ruanda, de onde é exportado para os países industrializados do Hemisfério Norte, permitindo grandes dividendos a Kigali apesar deste país não possuir quaisquer reservas de coltão conhecidas.

Segundo a imprensa congolesa, dezenas de rebeldes atacaram a aldeia de Masala, próxima da cidade de Beni, a segunda maior cidade do Kivu Norte, deixando um rasto de destruição e morte na sexta-feira, com 41 mortos e dezenas de feridos, mas só apenas nesta segunda-feira, 10, foi noticiado esta mortandade.

Nesse dia trágico numa região que vive este tipo de tragédias há décadas, que são responsáveis por mais de 3 milhões de deslocados internos, e mais de dois milhões para os países vizinhos, outros dois ataques ocorreram nas aldeias de Mahini e Mapasala, fazendo um total de 80 mortos e mais de uma centena de feridos.

As ADF têm "sede" no lese congolês há mais de duas décadas, apesar de terem sido criadas no Uganda, sendo maioritariamente islâmica, o que levou a que há três anos tenha jurado fidelidade ao daesh, os jihadistas que chegaram ao norte e centro de África a partir do Médio Oriente.

Sendo uma das organizações mais selváticas, os bispos congoleses há vários anos que clamam por uma solução internacional para resolver este problema que tende a avançar de forma vigoroso pelos territórios do leste da RDC, levando à adesão de milhares de pessoas pela força às suas crenças religiosas.

Mas, até ver, o forte contingente militar regional que está no leste do Congo (ver links em baixo nesta página), que inclui tropas angolanas, está apenas focado no combate ao M23, cujo ressurgimento em 2021 interrompeu um longo "sono" que vinha desde 2012, ano em que deixaram de ser vistos na zona.