Apanhei o tal ruca procurado, onde havia um outro cobele bué fixe, com ideias bem enraizadas, objectivos definidos e passos já a serem dados. O avilo tem a aparência do Lil Jorge, rapper emprestado ao rock (vocalista da banda Mvula), em termos físicos, no tom de voz e também na atitude de um madié que não se deixa, que não foge a luta, gosta de um bom desafio e prepara-se para a empreitada. Durante a viagem, um pax disse que só tinha 100 kwanzas e ele disse que não havia maka. Um outro perguntou se aquele 50 em falta não faria falta na conta final, ele respondeu que não, que estava a ajudar, amanhã poderia ser ele na mesma situação e que se deve sempre ajudar quem esteja a sofrer para conseguir um pouco de pão para levar à casa.

Conversa vai conversa vem, o cobele diz que sabe muito bem para onde quer ir e que aquele emprego era temporário, mas que estava a criar condições para bazar. Perguntei qual era o destino e as razões da viagem. A sorriu e disse: "Kota, qual é a saída que todos jovens que estão a passar mal como nós procura?" A resposta foi rápida, quase todos paxes responderam em coro: "Tuga"! ""Tas a ver, kota!" E disse que iria em busca de melhores condições de vida, valorização e sucesso profissional. Porque na Europa o trabalhador é mais valorizado, mesmo a ganhar salario mínimo tem muito mais dignidade do que alguém que esteja cá na banda com o salário médio. Essa dica deu discussão, afinal havia no ruca uma kota que viveu na Tuga um tempo e começou a explicar que a coisa não é bem assim, não é tão fácil viver fora como se pensa, só estando lá para saber e sentir a verdade, ser responsável, fazer contas, pagar as despesas, se sobrar algo investir ou poupar, evitar esbanjar o que não tem e ficar na dibinza com vergonha de voltar, como muitos que por andam.

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