Pouco mais de duas décadas atrás, na chamada viragem do milénio, o mundo foi assolado por uma onda de pânico com o potencial problema que se previa vir a ocorrer nos sistemas informáticos com a passagem do ano de 1999 para 2000. Temiam os menos informados que um erro na lógica programação das datas assente na poupança de bytes (e consequentemente de dinheiro), isto é, as datas eram armazenadas com apenas 2 dígitos. O bug 2YK foi inofensivo e a tecnologia permitiu que as primeiras pens de apenas 32 kilobytes fossem ultrapassadas por pequenos dispositivos de armazenamento com gigabytes e terabytes. Um dia, quem sabe, teremos simples dispositivos com capacidade para armazenar bué de yottabytes.


Angola, como sempre na vanguarda da inovação tecnológica e trincheira firme da revolução tecnológica em África e arredores, mostrou mais uma vez que os quinze bytes de fama não estão destinados apenas para a classe cultural, política e desportiva. É uma Angola mais democrática e inclusiva. Bastou uma referência ao facto de haver umas tantas cabeças mais ocas em segmentos específicos da nossa sociedade, para que tumultos em forma de palavras se agigantassem nas redes sociais com muitos a favor do argumento e uns tantos contra, talvez os ofendidos, os da carapuça, para manter a analogia da cabeça bem viva.


Muitos a pedirem que rolem cabeças, uma forma cada vez mais comum de se responsabilizarem aqueles que com certas palavras e atitudes parecem estar alheados da realidade do País e viverem num mundo com realidade virtual. Na realidade, o que foi dito é uma versão angolana mais trabalhada de um recado já transmitido por um cidadão estrangeiro: Angolano cabeça água! Mas como tudo na vida não dá para generalizar.


Com as redes sociais e os vazamentos de áudios e vídeos, há cada vez mais espaço para todos poderem partilhar os seus momentos de glória ou minutos de muita inspiração e pura fantasia. Certamente haverá mais bytes quando o satélite Angosat-2 entrar em órbita no próximo ano com a seguinte frase grafada: Em 2022 já está!