Em Glasgow, na Escócia, Reino Unido, João Lourenço aproveitou o seu curto tempo para se fazer ouvir, entre mais de meia centena de outros líderes mundiais que também hoje tomaram a palavra na COP26, avançando com um número que os países mais ricos e desenvolvidos deveriam invejar: a matriz energética angolana já incorpora 62% de fontes de energia não poluentes e nos próximos quatro anos, até 2025, este número vai subir para os 70%.

Tendo presente que o continente africano, sendo dos que menos poluem, mesmo que por causa da sua escassa industrialização, é dos que mais vai ser sacrificado pelo aquecimento global e as alterações climáticas que vão surgir no seu rasto, o Presidente angolano aproveitou para dizer ao mundo quais os passos que o País está a dar na direcção da descarbonização, seja pela redução do uso de energias geradoras de gases com efeito de estufa, seja o que está a ser feito como teia natural de aprisionamento de carbono, como é o caso da reflorestação do mangal na orla marítima nacional.

Deixou como ideia forte nesta 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, reduzida à sigla COP26 para facilitar a identificação desta cimeira, o compromisso inexorável de Angola para combater as causas das agressões ao clima.

Muitos insistem que poucos percebem o que se faz de concreto nestas sucessivas COP - a primeira teve lugar em 1995, em Berlin, na Alemanha - e com eficácia para garantir que o Planeta Terra não sobreaqueça até ao final do século de forma a impedir a vida tal como a conhecemos, desafiando mesmo a continuidade da Humanidade, como o tem repetido à exaustão o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, como quem João Lourenço se encontrou hoje na vasta ronda de contactos que fez com mais de uma dúzia de homólogos e lideres de organizações internacionais.

Mas, estando ciente disso, o Presidente angolano não deixou de mostrar que o seu País "considera as alterações climáticas um dos maiores desafios que enfrenta a Humanidade, pelo conjunto de efeitos directos e indirectos que causam à vida económica e social das nações, facto que constitui um verdadeiro desafio ao desenvolvimento".

E, de forma a sublinhar que não se trata das tais palavras vãs, como muitos apontam que são todos os discursos oficiais nestes eventos, desde logo o "bla, bla, bla..." que lhes chamou a activista sueca Greta Thunberg, o Chefe de Estado angolano deu como exemplo o esforço nacional que está a ser feito para repovoar a floresta de mangais, considerada um filtro eficaz da atmosfera e do mar retirando-lhes e absorvendo alguns dos seus mais nefastos poluentes.

Mas apontou ainda como exemplo o investimento gigantesco feito nos últimos anos na produção de energia hidroeléctrica e fotovoltaica, essenciais para reduzir o consumo de combustíveis fósseis e altamente emissores de gases com efeito de estufa.

"Acabamos de firmar em Washington DC com o ICCF- Fundo Internacional de Conservação, um convénio para a conservação dos parques do Luengue-Luiana e Mavinga, para a protecção da vida selvagem animal e vegetal e desenvolvimento do turismo internacional sustentado", apontou ainda o Presidente João Lourenço.

Sobre os compromissos do País no longo termo, Lourenço enfatizou o desafio que está a ser enfrentado por Angola de forma a alcançar os objectivos consubstanciados no Acordo de Paris através da já aprovada Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas 2021-2035.

"O meu Governo aprovou mais recentemente um importante pacote legislativo ambiental, instrumentos que serão determinantes na luta contra as alterações climáticas", disse ainda, concluindo que "Angola está alinhada com os consensos internacionais do desenvolvimento sustentável, incluindo o África - 2063, em consonância com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável", ao mesmo tempo que falava dos projectos no domínio da gestão sustentável das florestas, transportes e agricultura.

A COP26 começou na segunda-feira e vai prolongar-se até 11 de Novembro, com centenas de discursos, reuniões e acordos, como a "Acção sobre Florestas e Uso da Terra", que foi assinado hoje sobre reflorestação e protecção dos solos, onde os países mais ricos assumiram o compromisso de investir perto de 20 mil milhões USD.

Este acordo abrange 100 países, onde estão 85% das maiores florestas do mundo, sendo Angola um dos signatários, e que tem como objectivo travar o avanço da desflorestação que tem como número actual o desaparecimento de quase 30 hectares por cada minuto que passa, sendo que um hectare equivale a um estádio de futebol.

"Acção sobre Florestas e Uso da Terra" é como foi denominado este acordo que envolve 100 países e conta com 12 deles, os mais ricos e poluidores, como financiadores, como a China, EUA, Rússia, Alemanha, Brasil, Austrália e França...