O presidente da UNITA e líder da Frente Patriótica Unida (FPU) disse que vai pedir rapidamente um encontro ao Presidente da República para procurar um caminho que permita fazer o país um lugar bom para todos os angolanos.

Acrescentou que vai usar "todos os poderes" enquanto Conselheiro da República para aconselhar João Lourenço até ao limite" de forma a construir uma Angola sem instituições partidarizadas sujeitas ao ditames do partido único.

"Angola tem futuro, queremos as reformas que o país precisa, o nosso inimigo comum é o Estado partidário, o partido único... e desta vez expusemos sem limite as instituições partidárias e vamos continuar a luta dentro e fora das instituições".

Depois das intervenções de elementos da sociedade civil apoiantes da FPU, de Filomeno Vieira Lopes, do Bloco Democrático e pelo projecto PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, e Nelito Ekuikui, secretário da UNITA em Luanda, Costa Júnior insistiu na ideia de que a UNITA ganhou as eleições e que a vitória foi roubada ao povo que votou corajosamente a 24 de Agosto.

Num comício onde todos os intervenientes insistiram na urgência de libertação dos "presos de consciência e políticos", a realização de eleições autárquicas em 2023, combater a fome, a pobreza e o desemprego, a luta contra o Estado partidário e pela sujeição do regime à vontade popular, o líder o partido do "Galo Negro" disse estar consciente de que muitos queriam ver o povo a lutar nas ruas pela alteração das instituições do Estado pela força mas garantiu que esse não é o seu caminho nem o caminho da FPU.

"Sabemos que há angolanos que estavam a pedir o derrube das instituições por vias não-democráticas, na rua, mas nós não concordamos com esse caminho... Mas vamos chegar lá num percurso sem sangue, com orgulho, todos juntos por Angola", apontou.

Explicou aos milhares de jovens que o escutavam que os 90 deputados eleitos pela UNITA entraram no Parlamento e ele próprio tomou o seu lugar no Conselho da República para a partir destas instituições ajudar a construir o futuro de Angola, que disse que vai ser "diferente e melhor"

"Entramos no Parlamento, tomei posse no Conselho da República e vou usar os meus poderes para aconselhar até o limite João Lourenço, sem dúvida, para construir uma Angola diferente para os angolanos... vou ajudar João Lourenço e vou-lhe pedir já um encontro para fazer de Angola um país melhor...", informou.

Mas avisou que vai cobrar todas as promessas comuns da UNITA e do MPLA, desde logo a realização em 2023 das eleições autárquicas.

"Vamos cobrar a realização de eleições autárquicas em 2023, se não for assim, vamos cobrar a mentira a João Lourenço", advertiu, e avançou que vai "usar as instituições e a pressão democrática da rua para lutar pela dignidade dos angolanos".

Mesmo que seja ao lado do MPLA: "Não é um problema caminhar com o MPLA ao nosso lado, por Angola faremos isso, não vamos deixar mal o povo apesar disso... em nenhuma circunstância".

Disse ainda que estas manifestações se vão repetir quantas foram preciso e durante o tempo que for preciso até que as coisas mudem.

"Um mês depois de termos votado cheios de esperança e responsabilidade por um futuro melhor, temos razões para dar os parabéns a todos os angolanos porque votaram em consciência e fizeram história. Neste país todos sabem quem ganhou as eleições", notou.

"Muitos esperavam de nós que fossemos para a rua protestar logo após a divulgação dos resultados, mas o poder não vale o sangue do povo, porque as ruas estavam cheias de forças militares, não foi falta de coragem, pelo contrário... foi consciência do risco...", explicou.

E ironizou ainda, perguntando: "É normal aquele que ganhou mandar o aparato máximo de repressão para a rua com medo do povo que dizem que lhes deu a vitória!?", respondendo o próprio: " Não é normal...".

"Eles têm a legalidade auto-imposta, nos temos a legitimidade", disse, acusando: Quem ganha não começa a prender pessoas, quem ganha não anda atrás da juventude, quem ganha deve transmitir carinho inclusão e proximidade, mas o que se vê é repressão, violência sobre os jovens, para os assustar".

"Mas não nos assustam. Esta é uma marcha do futuro, é a primeira de muitas, tantas quantas necessárias... e tenho a certeza que elas vão ser como a campanha eleitoral, e quantas mais forem, mas gente teremos a apoiar estas marchas pela liberdade, pelo futuro", disse.

"Não estamos na mesma situação de antes das eleições. Temos hoje um consenso nacional e internacional sobre o regime, a imagem de Angola é marcada pelo conhecimento que existe do que se passou em Angola, obrigamos o regime a expor-se sem limite. Nem sequer conseguiram festejar a vitória...", disse.

"Exigimos a libertação dos jovens que prenderam, há jovens que foram presos mas os alvos eramos nós... É nossa obrigação sair em defesa destes jovens, porque a justiça só é célere quando lhes interessa", afirmou.

O Grupo Parlamentar da UNITA, garantiu Costa Júnior, tem como prioridade a defesa dos direitos cívicos e políticos de toda a gente. "E vão ver isso mesmo já nos próximos dias".

Esta marcha começou cerca das 13:00.

"Condenamos as prisões arbitrárias" podia ler-se numa gigantesca faixa que encimava a manifestação que hoje, perto das 14:0, teve início no Largo de Sant"Ana em direcção ao Largo das Escolas, em Luanda, que foi convocada pelo líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior após a divulgação dos resultados definitivos das eleições de 24 de Agosto.

Nessa ocasião, o presidente da UNITA explicou que se tratava de uma manifestação contra a usurpação do poder pelo MPLA em eleições ilegais, onde repetia de forma persistente que a UNITA tinha obtido resultados superiores aos reconhecidos.

A marcha foi igualmente apontada como sendo organizada pela Frente Patriótica UNIDA (FPU), que agrega a UNITA, o Bloco Democrático e o PRA-JA Servir Angola (projecto político), mas que

Entre os cartazes que encimavam a manifestação podia ler-se "não ao partido Estado", ou ainda "24 de Setembro, o Dia da Liberdade", ao mesmo tempo que a faixa principal da frente da marcha diz que os presentes condenam as prisões arbitrárias e as sucessivas violações de direitos.

Esta manifestação teve lugar no dia em que a PN e o SIC divulgaram a detenção de 12 indivíduos por incitamento à rebelião, como pode ler aqui, e depois de na sexta-feira, Costa Júnior, recorrendo a uma metáfora, comparou o MPLA a um embondeiro seco que é preciso retirar da terá pelo perigo que representa, como pode também ler aqui.