Foi excesso de sucesso! Isto, tendo em conta a reacção dos seus criadores do FAIR, a sigla em inglês para Laboratório de Pesquisa em Inteligência Artificial do Facebook, que, de imediato, desligaram as máquinas porque estas não só conseguiram reflectir para ultrapassar o obstáculo, como o fizeram criando, ao mesmo tempo, uma linguagem nova e maís adequada aos seus "cérebros".

Como relata hoje a imprensa especializada, e também a generalista, com base numa descrição produzida pelo Digital Journal, o que os engenheiros do Facebook queriam era testar se os dois "bots" eram capazes de resolver problemas relacionados com um "negócio" que consistia em vender e comprar "bolas" com o melhor resultado possível para um e para outro.

Só que, a conversas tantas, os dois "bots", baptizados de Bob e Alice, resolveram que a linguagem que lhe foi ensinada era demasiado complicada para eles e resolveram criar uma nova que, apesar de se perceber que tinha tido como base o inglês comum, passou a assemelhar-se muito à linguagem binário dos "0" e "1", como este exemplo, divulgado pelo The Independent, o demonstra:

Bob: i can i i everything else . . . . . . . . . . . . . .

Alice: balls have zero to me to me to me to me to me to me to me to me to

Bob: you i everything else . . . . . . . . . . . . . .

Alice: balls have a ball to me to me to me to me to me to me to me

Bob: i i can i i i everything else . . . . . . . . . . . . . .

Alice: balls have a ball to me to me to me to me to me to me to me

Bob: i . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Alice: balls have zero to me to me to me to me to me to me to me to me to

E este linguajar apanhou de surpresa os criadores de Bob e de Alice a ponto de terem deixado de os perceber e, antes que fosse tarde demais, os softwares foram desligados. Não fosse o diabo tecê-las... e estarem a abrir a Caixa de Pandora.

Aparentemente, nem os engenheiros do FAIR nem Bob e Alice sabiam o que estava para ali a ser dito. Só mais tarde é que os humanos do Laboratório do Facebook concluíram que apenas eles estavam a leste da conversa, porque os dois bots não só conversavam como pareciam estar animados com a conversa, erguida numa linguagem nova.

Foram concebidos, de facto, para inovarem, mas o que não era esperado era que inovassem tanto e foram desligados por terem metido o carro à frente dos bois, como, por exemplo, se estar perante a possibilidade de uma nova e mais eficaz linguagem de negócios à qual os humanos passam ao lado.

A publicação FastCoDesign diz mesmo que este pode ser "o software de negociação mais sofisticado do planeta, tendo evoluído no sentido de obter o melhor negócio possível, mais rápido e eficaz".

Na verdade, o que se pode estar a ver aqui é que a Alice e o Bob não só foram bem sucedidos nos negócios, como criaram uma nova linguagem e, como se isso fosse pouco, forjaram as nuances do calão ou da gíria dos negócios cuja especiosidade se pensava estar apenas acessível aos humanos, como, por exemplo, sorrir ou encontrar estratagemas complexos para acederem ao poder através da insinuação.

Este pode ainda não ser o complemento real do filme IA (inteligência artificial) de Steven Spielberg, mas uma coisa é certa: os engenheiros do FAIR viram o filme, de certeza, e não encontraram nenhuma razão, a ponto de terem desligado os "cérebros" da Alice e do Bob, para não interromperem aquela conversa.

Por exemplo, uma das citações mais frequentes nas notícias sobre este assunto referem-se aos avisos feitos por muitos cientistas de que a IA é, de facto, "uma ameaça" à espécie humana, mas que não está a ser devidamente ponderada no ímpeto turbulento das novas tecnologias que buscam o impossível.

Todavia, depois deste episódio, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg já veio relativizar o assunto, dizendo que não vale a pena andar a "criar cenário de um qualquer fim do mundo" como o conhecemos devido a máquinas perniciosas e malvadas que, pela calada da nossa ignorância, vão assumindo lugares de controlo e de poder.