Estas inusitadas declarações de Pedro Lussaty, que disse ainda não perceber o porquê de ser o rosto principal deste processo, foram feitas durante uma acareação com o coronel Manuel Correia, ex-comandante da UGP no Kuando-Kubango, que recentemente afirmou em tribunal que entregava mensalmente malas de dinheiro, de forma ilícita, ao major "milionário".

Em acareação, na passada semana, Pedro Lussaty negou conhecer o também arguido, coronel Manuel Correia e 98 por cento dos demais co-arguidos arrolados no processo.

Aos juízes, o major da Banda de Música da Casa de Segurança da PR, disse ser dono de muitos milhões de kwanzas, euros e dólares, o que causava inveja aos demais oficiais superiores da Casa de Segurança do Presidente da República.

Segundo o major "milionário", só em casa tinha perto de sete mil milhões de kwanzas em notas novas da série de 2021, 70 milhões de dólares e oito milhões de euros.

Em tribunal, em sede do seu interrogatório, o ex-comandante UGP no Kuando-Kubango, coronel Manuel Correia, disse que entregava mensalmente, em mão, mais de 22 milhões de kz em malas a Pedro Lussaty providente do pagamento de salários do batalhão "fantasma" que os arguidos criarem no Kuando Kubango.

Em resposta ao coronel e ao tribunal, Pedro Lussaty disse que todos os arguidos no processo e mesmo alguns generais e ministros não têm mais dinheiro que ele.

"Essas pessoas que estão aqui comigo no tribunal, mesmo até generais ou ministros, não têm dinheiro como eu tenho. Eu sempre tive mais dinheiros do que muitos generais e ministros fruto do meu trabalho como consultor internacional, não preciso desses míseros 22 milhões de kz", disse Pedro Lussaty, reiterando "essas pessoas não têm dinheiro".

Por sua vez, o coronel Manuel Correia, reconhecendo que o seu inferior tem dinheiro, disse: "Você pode até ter muito dinheiro, mas és de muita coragem".

O ex-comandante da UGP no Kuando Kubango, disse que Pedro Lussaty o tinha abordado na Casa de Segurança do PR e mostrou um pepel assinado supostamente pelo general Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", então ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do PR, que teria que fazer entrega, mensalmente, em malas 22 milhões de kwanzas ao major, em mão.

"Conta a verdade Lussaty para nos livrarmos disto tudo. O facto de tu, Pedro Lussaty, teres muito dinheiro, isso não significa nada", desabafou o coronel em tribunal.

Pedro Lussaty em resposta disse, "o senhor coronel faz parte de uma tendência que existe para desvirtuar a verdade. É melhor se retratar".

Em tribunal Pedro Lussaty disse que está preocupado em ver o seu nome vandalizado com o propósito de o colocar mal perante os seus superiores hierárquicos, os generais "Kopelipa", Dino e Eusébio de Brito e outros, e procurou saber porque é que o processo tem o nome Pedro Lussaty e 48 arguidos, o que não lhe foi respondido.

O julgamento do conhecido "caso Luassaty já decorre há dois meses, no Centro de Convenções de Talatona, depois de já ter ficado suspenso por 30 dias.