A concepção, construção e apetrechamento de infra-estruturas académicas para albergar a Universidade 11 de Novembro, em Cabinda, e a Universidade Rainha Njinga a Mbandi, em Malanje, foi agora entregue à sociedade anónima MERCONS, verificou o Novo Jornal em dois documentos assinados pelo ministro do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Em Julho, a justificação utilizada em ambos os ajustes directos foi "a necessidade imperiosa de dotar as instituições de ensino superior públicas de valências e infra-estruturas para a melhor prossecução da sua missão e, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento social, económico, cultural, tecnológico e científico do País".

No caso da Universidade 11 de Novembro, em Cabinda, como o Novo Jornal avançou, o Chefe de Estado autorizou a realização da despesa no valor global de 171,3 milhões de euros, enquanto que para a Universidade Rainha Njinga a Mbandi, em Malanje, o valor outorgado foi de 172 milhões €.

A MERCONS foi também a empresa escolhida para a reparação de 300 km da EN 105, que liga a cidade do Lobito à cidade do Lubango, avaliada em 339,7 milhões de euros.

Segundo o Governo angolano, este mês será inaugurado em Luanda o Complexo Industrial do Kikuxi, uma iniciativa do Grupo S. Tulumba, através do seu Pólo Industrial de Bebidas e Alimentos de Angola Lda (ver link).

"A infra-estrutura industrial, que será inaugurada no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional, vai produzir massas alimentícias, óleos alimentares de soja, girassol e palma, ketchup, mayonese, mostarda, bolachas, yogurte, leite, queijo, manteiga e leite condensado", lê-se no portal do Governo, que publica um comunicado da empresa.

Silvestre Tulumba Kaposse, um antigo motorista de táxi muito próximo do general Kundi Paihama, era tido como um dos empresários favoritos do falecido Presidente José Eduardo dos Santos.

Em 2016, segundo o Jornal Expansão, assinou, enquanto líder do grupo A S. Tulumba - Investimentos e Participações, contratos de investimento de 1,2 mil milhões de dólares, e, dos 11 projectos contratados, 10 foram aprovados por despacho presidencial por envolverem montantes superiores a 10 milhões USD e apenas um, no valor de 1 milhão USD, foi aprovado por um ministério, no caso o dos Petróleos.

Em 2019, numa peça do jornal Sol, Silvestre Tulumba é apresentado como tendo nascido em 1981, na província da Huíla.

"Foi motorista de táxi até que surge, em 2002, como fornecedor de viaturas ao governo da província. Pela mão do então ministro da Defesa Nacional, Kundi Paihama, expande o negócio e fornece automóveis importados ao Estado, especialmente aos ministérios onde o general tem influência", lê-se na notícia do Sol, segundo a qual "a actividade de Tulumba surge, também, envolta em polémica, especialmente por dívidas. É o caso das situações de incumprimento registadas no sistema financeiro, especialmente no BPC e no BANC, o litígio nos Estados Unidos por quebra de contrato num negócio de aquisição e aviões, ou a investigação feita pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP) por causa de salários em atraso a trabalhadores portugueses da Imosul, construtora do grupo", notícia também avançada pela Televisão Pública portuguesa (ver link).

"Silvestre Tulumba e a família são também conhecidos por exibir luxo, através, por exemplo, do Falcon do grupo que usam para deslocações aos Estados Unidos ou de um McLaren e de um Bentley Bentayga em Lisboa", finaliza o Sol na notícia de 2019.