O Relatório de 2021 que mede o desenvolvimento económico em África revela que 14 nações carecem de inclusão e houve um acréscimo da desigualdade. Nos países de língua portuguesa o destaque vai para Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, onde a situação dos mais pobres piorou.

No total, em 18 dos Estados monitorados, o crescimento levou à redução da pobreza, mas aumentou a desigualdade, tal como em Moçambique.

A Conferência da ONU sobre o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) lembra que nos anos 2000, houve um crescimento em África, mas sem melhorias para a maioria dos africanos. A diferença de renda entre ricos e pobres aumentou na região.

O relatório evidencia que cerca de 34% das famílias africanas vivem abaixo da linha de pobreza de 1,90 USD por dia. E 40% da riqueza total pertence a cerca de 0.1% da população do continente.

Na pandemia, e com as fronteiras fechadas, as desigualdades e vulnerabilidades de grupos marginalizados lançaram 37 milhões de africanos subsaarianos na pobreza extrema.

Um maior volume do comércio internacional, melhor eficiência, apoio à expansão de tecnologias e redistribuição da riqueza são algumas das sugestões da Unctad, que promete

apoiar os governos africanos e os parceiros de desenvolvimento para melhor alavancar a zona de livre comércio o sentido de combater a pobreza e a desigualdade e garantir ganhos mais inclusivos.

O comércio inter-africano corresponde a 14,4% do total das exportações do continente, revela ainda o relatório, que destaca que o potencial inexplorado de exportação de África chega a 21,9 biliões de dólares, ou 43% das exportações dentro de economias africanas, com um adicional de 9,2 biliões USD com a liberalização tarifária parcial no âmbito da Zona de Livre Comércio Africana nos próximos cinco anos.

Entre os países lusófonos, e apesar de o potencial inexplorado na exportação variar muito, Cabo Verde estará em mais vantagem com 86%. O arquipélago encontra-se entre os maiores exportadores que mais beneficiariam da liberalização, juntamente com São Tomé e Príncipe.

O Relatório de Desenvolvimento Económico em África 2021 considera essencial que haja cooperação de longo prazo em políticas de investimento e concorrência.