Numa análise detalhada publicada no site da instituição, a previsão de evolução de dívida pública em Angola é revista, e os peritos estimam agora um rácio de 111% face ao PIB, que deverá descer para cerca de 70% até final do programa de ajustamento, em 2024.
"O rácio de dívida face ao PIB para o final de 2019 deve chegar a 111%, reflectindo principalmente a rápida depreciação da moeda neste trimestre", lê-se no documento, que alerta que "como os preços globais do petróleo devem continuar baixos, os indicadores do peso da dívida vão manter-se elevados".
A dívida "continua altamente vulnerável a choques macroeconómicos e orçamentais, com os principais riscos para a sustentabilidade da divida a virem de uma depreciação da taxa de câmbio mais rápida do que o previsto, mais declínios nos preços ou na produção petrolífera, uma possível deterioração no acesso aos mercados financeiros, e à materialização de riscos vários, incluindo de dívida garantida" pelo Estado, segundo os analistas do FMI.
Na análise ao programa, datada de Dezembro, mas que resulta das reuniões entre o FMI e as autoridades angolanas, em Luanda, em Novembro, o FMI afirma que "há múltiplos esforços em curso para lidar com os riscos da sustentabilidade da dívida".
O cenário base do Fundo aponta para um declínio da dívida para 70% do PIB em 2025, cinco pontos percentuais acima do objectivo de médio prazo, e é sustentado pelas grandes receitas petrolíferas - dois terços do total das receitas -, "o que ajuda a limitar a dinâmica da dívida às flutuações cambiais".
Para além disso, acrescentam os peritos, esta previsão de redução do rácio da dívida pública é apoiada "pelo contínuo esforço orçamental e por um crescimento económico maior, suportado por reformas estruturais e uma taxa de câmbio mais competitiva".
Ao mesmo tempo, argumenta o FMI, "o rácio de dívida temporariamente elevado aumenta as vulnerabilidades às flutuações do preço do petróleo, o que requer uma monitorização atenta e acções correctivas imediatas de os choques adversos se materializarem".