Esta medida surge num contexto de grande tensão social provocada pela sucessão de assaltos violentos, com vários mortos registados nas últimas duas semanas, especialmente na cidade de Luanda, e que levou as forças de segurança a avançarem para operações de rua dirigidas ao combate específico a este tipo de criminalidade.

O próprio Presidente da República veio a público, na condição de presidente do MPLA, no arranque da reunião do Comité Central que teve lugar na sexta-feira, sublinhar que o combate a esse tipo de criminalidade estava a ser claramente ganho pelas forças de segurança.

João Lourenço abriu esta sexta-feira a 2ª sessão ordinária do Comité Central do MPLA com uma referência à criminalidade que nos últimos dias atingiu a capital do País, garantindo que está controlada.

O presidente do MPLA afirmou que as autoridades têm dado "resposta adequada" a esta onda de violência a que o País tem assistido nas últimas semanas, asseverando que a situação "está ultrapassada".

"Esta situação está, felizmente, ultrapassada, porque as autoridades competentes tudo têm feito e continuarão a fazer no sentido de garantir a paz e a segurança dos cidadãos na sua vida quotidiana", garantiu.

O também Chefe de Estado rejeitou que "se defenda o princípio de que ser pobre ou um desempregado faz de um homem um potencial criminoso, um potencial assassino, porque pensar assim é injusto e discriminatório".

"Com esta forma simplista de abordagem estaremos a justificar, senão mesmo a legitimar o recurso à violência por parte de quem atravessa, por vezes temporariamente, momentos difíceis da vida, o que acontece em todas as sociedades", afirmou.

A medida agora conhecida - impedir levantamento de avultadas somas sem segurança garantida - para retirar de circulação o que gera "apetite" pelos criminosos, resultou de uma reunião de elementos do MinInt, de gestores dos bancos comerciais e das empresas de segurança.

A par desta medida, a polícia, recorde-se, está a investigar a eventual colaboração entre funcionários bancários e grupos de criminosos para a realização de assaltos a clientes que deixam as agências dos bancos com avultadas somas.

Face a esta consolidada suspeita, como informa a Angop, de acordo com o Secretário de Estado do Interior para o Asseguramento Técnico e Infra-estruturas, Comissário-Chefe, Salvador José Rodrigues, os clientes só poderão levantar somas avultadas de dinheiro se tiverem protecção policial.

O governante deixou ainda claro que existe uma preocupação com a formação do pessoal das empresas de segurança colocado nos bancos, sublinhando a necessidade de "capacitar melhor o pessoal de guarda das empresas de segurança que prestam serviço à banca".

O Secretário de Estado do Interior para o Asseguramento Técnico e Infra-estruturas recomendou aos bancos que optem por sistemas de videovigilância que poderá ficar ligado ao Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), do Ministério do Interior, permitindo mais rapidez de acção e é um apoio substancial à investigação policial em caso de necessidade.

Salvador Rodrigues disse ainda que bancos e empresas de segurança têm de ser rigorosos no processo de escolha do seu pessoal, e deixou como conselho uma atenção especial para aqueles pessoas que permanecem dentro dos bancos sem justificação por longos períodos de de tempo, porque existem suspeitas de que esse é outro dos métodos dos criminosos para obterem informações sobre clientes que deixam os bancos com avultadas somas.

A polícia, como o NJOnline noticiou, também pretende obter a colaboração das companhias de telefoes móveis e dos bancos neste combate à criminalidade violenta.