Em fase de expectativas quanto ao anunciado investimento norte-americano na agricultura ao longo do Corredor do Lobito, a União Europeia (UE) reforça a aposta neste pólo de desenvolvimento com 50 milhões de euros para a produção de frutos tropicais, grãos e hortícolas, no âmbito da iniciativa Global Gateway.

De acordo com a sua representante em Angola, a embaixadora Rosária Bento Pais, o ano de 2026 vai começar com a assinatura do acordo para o Agrifin, um projecto que prevê micro-financiamentos para pequenos produtores.

Bento Pais prestou esta informação antes de ter deixado Benguela, quarta-feira, depois do acto que simbolizou a exportação, por via do Corredor do Lobito, das 17 toneladas de abacate a caminho dos Países Baixos.

"Tudo fica facilitado com a possibilidade de certificação dos produtos que vão para a Europa", resumiu a diplomata, acrescentando que o projecto agrícola terá como complemento um apoio nos domínios da energia e capacitação de quadros.

A embaixadora sublinhou que se trata do mesmo modelo aplicado na Plataforma Logística da Caala (Huambo), a fonte do abacate que está a ser exportado. "Esperamos que este seja o primeiro de muitos contentores, o primeiro de muitos produtos, também porque temos o Agrifin", indicou.

Lembrando que a Europa é o primeiro parceiro comercial de África, como ficou patente na Cimeira em que esteve presente, Rosária Bento Pais acrescentou que a União Europeia e o Governo angolano vão, após a assinatura do acordo, eleger uma grande fazenda para trabalhar na ligação com agentes da agricultura familiar.

"Esta fazenda vai tratar de recolher os produtos, colocá-los em contentores e finalizar com a transportação para o Lobito", assinalou a embaixadora.

Sobre a Plataforma Logística do Huambo, que custou 15 milhões de dólares a um fundo público neerlandês e mais de USD 20 milhões do Banco Mundial, frisou que a exportação do abacate representa um "momento histórico", capaz de incentivar a produção de cereais e outros frutos.

Projectada há cinco anos, também com a participação da Agência Reguladora de Certificação de Carga Logística de Angola (ARCCLA), surge em resposta à necessidade de uma cadeia logística de frio, de diversificação das variedades do abacate e de colocação de Angola na origem da produção.

No sector agrícola ao longo do Corredor do Lobito, concretamente no domínio dos grãos, estão igualmente os Estados Unidos da América, que tencionam erguer no Pólo Industrial da Catumbela um terminal com dez silos para o armazenamento do produto.

A iniciativa é da empresa Amer-con, que terá um financiamento do Governo na ordem de 60 milhões de dólares.

A infra-estrutura, inserida na corrida à expansão do Corredor do Lobito, terá capacidade para acondicionar 100 mil toneladas de produtos como milho, trigo e outros grãos.