Esta agência de notação financeira antecipa, em relatório divulgado esta terça-feira, 30, que o crescimento em Angola se quedou pelo 0,2% em 2023, ficar-se-á pelos 0.9% em 2024 e só em 2025 passará a fasquia das décimas para 1,5 por cento.

Estes dados sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) angolano foram apurados pela agência de notação que mais foco tem mantido na economia nacional, sendo mesmo uma das três majors do sector, dando como certo "um declínio na produção petrolífera".

Este declínio, segundo avança a Lusa, a partir do relatório dos analistas da Fitch Ratings, aponta para "uma média de 1,09 milhões de barris por dia em 2023 e 1,05 milhões em 2024 e 2025, o que é ligeiramente abaixo da previsão do governo no Orçamento Geral do Estado para 2024, que assume uma produção de 1,05 milhões de barris em 2024 e bem abaixo da previsão do Ministério dos Hidrocarbonetos, de 1,18 milhões de barris por dia entre 2022 e 2025, o que reflecte uma produção na capacidade máxima".

O documento explicita, ainda segundo a Lusa, que o `rating` de Angola "equilibra os fracos indicadores de governação, a elevada inflação, os elevados níveis de dívida em moeda externa e um dos mais elevados níveis de dependência de matérias primas entre os países avaliados pela Fitch, com reservas internacionais mais elevadas do que os pares, excedentes da balança corrente e riscos de pagamento geriveis devido a um preço ainda favorável do petróleo nos próximos dois anos", escrevem os analistas da Fitch na nota detalhada, consultada hoje pela Lusa.

Entre os principais pontos positivos da economia angolana, esta agência de notação financeira detida pelos mesmos donos da consultora BMI Research destaca os elevados níveis de reservas internacionais e um orçamental globalmente equilibrado, o que reduz as pressões de financiamento.

Pelo contrário, as principais fraquezas são "uma elevada dependência das matérias-primas, bem acima dos outros exportadores petrolíferos africanos, custos elevados do serviço da dívida, uma grande percentagem de dívida pública, representando cerca de 70% do total do volume da dívida, indicadores de desenvolvimento humano e de governação fracos, e uma elevada inflação em relação aos pares".

Sobre a dívida pública, a Fitch antevê uma ligeira subida do rácio da dívida sobre o PIB, que deverá aumentar de 57,3% no ano passado para 60,6% este ano e 64,2% em 2025.

Estes dados emergem no mesmo dia em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou o seu Outlook para a economia planetário este ano e o que vem, destacando uma contracção das expectativas anteriormente anunciadas para toda a África Subsaariana.

FMI revê em baixa o crescimento da África subsaariana para 3,8% este ano

O FMI reviu esta terça-feira, 30, em baixa ligeira a previsão de crescimento para a África subsaariana para 3,8% este ano, duas décimas abaixo da estimativa feita em outubro, devido a perturbações na África do Sul.

"Na África subsaariana, o crescimento deverá aumentar de uns estimados 3,3% em 2023 para 3,8% em 2024 e 4,1% em 2025, com a melhoria dos efeitos negativos dos choques climáticos anteriores e das questões do abastecimento", lê-se na actualização do relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais, divulgado em Washington.

No documento, os técnicos do Fundo explicam que "a revisão em baixa para 2024 de 0,2 pontos percentuais, face a outubro de 2023, na África subsaariana, reflecte principalmente uma previsão menor do crescimento económico na África do Sul, devido aos crescentes constrangimentos logísticos, incluindo no sector dos transportes, que a actividade económica enfrenta".

Sobre o resto do mundo também foram divulgadas previsões e estas encaixam nas expectativas moderadas mas com uma aterragem suave para os golpes que a economia mundial tem sofrido nos últimos anos.

FMI prevê crescimento económico global de 3,1% este ano e 3,2% em 2025

O FMI prevê que a moderação da inflação e o crescimento constante abrem caminho para uma aterragem suave, projectando um aumento do PIB mundial de 3,1% este ano e 3,2% em 2025, foi hoje divulgado.

Na actualização das projecções do World Economic Outlook (WEO), avança a Lusa, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revê em alta de 0,2 pontos percentuais (pp.) a projecção para este ano face a outubro.

A revisão resulta de uma resiliência superior ao esperado nos Estados Unidos e em várias economias emergentes e em desenvolvimento, bem como apoio orçamental na China.

A previsão para 2024--25 está, no entanto, abaixo da média histórica (2000--19) de 3,8%, resultado das taxas directoras elevadas dos bancos centrais para combater a inflação, "da retirada do apoio orçamental num contexto de dívida elevada, que pesa sobre a actividade económica" e de "um baixo crescimento da produtividade".

Ainda assim, o FMI considera que a inflação está a cair mais rapidamente do que o esperado na maioria das regiões, num contexto de resolução de questões do lado da oferta e de uma política monetária restritiva.

A inflação global, nota ainda a Lusa a partir da leitura do documento, deverá cair para 5,8% em 2024 e para 4,4% em 2025, com a previsão para 2025 revista em baixa.

O FMI acredita que com a moderação da inflação e o crescimento constante, "a probabilidade de uma aterragem brusca diminuiu e os riscos para o crescimento global estão globalmente equilibrados".

Do lado positivo, uma desinflação mais rápida poderá levar a uma maior flexibilização das condições financeiras, aponta, acrescentando que uma política orçamental mais flexível do que o necessário e do que o assumido nas projecções poderá implicar um crescimento temporariamente mais elevado, mas com o risco de um ajustamento mais dispendioso mais tarde.

Já uma dinâmica mais forte de reformas estruturais poderá reforçar a produtividade com repercussões transfronteiriças positivas.

No lado negativo, alerta para a possibilidade de novos picos nos preços das matérias-primas devido a choques geopolíticos -- incluindo ataques contínuos no Mar Vermelho -- e perturbações na oferta ou uma inflação subjacente mais persistente, tendo como consequência o prolongamento de condições monetárias restritivas.

O FMI alerta ainda que "o aprofundamento dos problemas do sector imobiliário na China ou, noutros locais" ou alterações disruptivas de aumentos de impostos e cortes de despesas também poderá penalizar o crescimento.

As projecções do FMI apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos de 2,1% este ano e de 1,7% em 2025, da zona euro de 0,9% este ano e de 1,7% em 2025 e da China de 4,6% este ano de 4,1% em 2025.